A agenda ESG, que é traduzida como Ambiental, Social e Governança, é uma das principais pautas discutidas no agronegócio. O que antes era diferencial, agora é uma obrigação, e a tecnologia é uma aliada na criação de políticas que melhoram produtividade, rentabilidade e reputação. Questões como emissões de carbono, uso consciente da água e energia, podem ser controladas por meio da gestão digital.
A pesquisa “A mente do agricultor brasileiro” realizada pela McKinsey&Company mostrou que o produtor já entendeu que precisa produzir utilizando bem os recursos ambientais. A consultoria ouviu mais de 200 mil produtores no Cerrado, Matopibá, Centro-Sul e Sul do Brasil, além de agricultores de nove países, entre eles Argentina, Canadá, Estados Unidos, França, Alemanha e China. O resultado apontou que os brasileiros são os mais sustentáveis e investem em busca de mais rendimento e custos de produção mais baixos.
Tecnologia nas práticas ESG
Entre as práticas adotadas estão o plantio direto, controle biológico, controle de cobertura, fertilização da taxa variável, gestão das águas pluviais, árvores em terras cultiváveis, geração de energia renovável na propriedade, irrigação controlada e eletrificação de equipamentos. Com as fazendas cada vez mais digitais a compilação de dados garante mais assertividade na jornada e na relação de trabalho da mão de obra do campo.
Um estudo conduzido pela consultoria agronômica Fertigeo na safra 2020/21 em uma propriedade de 80 hectares em Rio Verde (GO), exemplifica bem as vantagens da conectividade. Na área de plantação de soja com manejo digital, a produtividade foi 81,2 sacas por hectare, enquanto em um pedaço sem o uso da tecnologia a produção foi de 16 sacas a menos por hectares. As técnicas implantadas na parte tecnológica da fazenda foram o uso de aplicativo para registro de dados e gestão das operações agrícolas.
As plataformas digitais oferecem ao produtor informações sobre todo o processo produtivo. Fornecendo mapas de infestação de pragas, pluviometria, agenda de aplicação, estoque de insumos, previsão de colheita e custos de produção. Esses dados não são importantes apenas para a rentabilidade, mas auxiliam também no social e governança já que por meio das informações é possível conseguir a emissão de certificados e títulos verdes.
Valorização da propriedade
Como falado anteriormente, a agenda ESG é uma obrigação. Mas com ela vem o desenvolvimento e o crescimento, já que os principais mercados que recebem as commodities brasileiras cobram essas práticas, tornando esse cuidado um ativo, e não um problema. O uso de tecnologias dão visibilidade às ações adotadas, o que é importante tanto para os produtores quanto para a sociedade, que ganha com a sustentabilidade no processo alimentar.
A própria produção pode virar um ativo mais valorizado devido às certificações “verdes”, assim como acontece com produtos orgânicos.
Incentivos Financeiros
Diversas instituições financeiras têm taxas de juros menores e facilidades ao acesso ao crédito para produtores que adotam práticas ESG, daí a importância de dados que comprovem as ações. O incentivo a técnicas sustentáveis foi uma das prioridades do Plano Safra 2022-2023. Mais de R$6 bilhões foram destinados ao programa ABC, que financia a recuperação de áreas e pastagens degradadas, assim como a implantação de sistemas lavoura-pecuária-florestas (ILPF) e adoção de métodos conservacionistas de uso, manejo e proteção de recursos naturais. O apoio à utilização de fontes de energia renovável também foi destaque, bem como a proteção do sistema solo-água-planta.
Se a tecnologia anda lado a lado com a sustentabilidade, incentivos para a aquisição de inovação e investimentos para a adoção de boas práticas agropecuárias e gestão da propriedade também foram disponibilizados pelo Plano Safra através do Inovagro. Os recursos podem ser utilizados em sistemas de conectividade, softwares e licenças para gestão, monitoramento e automação das atividades produtivas, entre outras práticas.
ESG é o presente e o futuro
Uma propriedade sustentável é aquela onde há conservação dos recursos naturais, valorização e desenvolvimento humano, alta rentabilidade e desempenho na produção. O Brasil é um dos principais produtores e exportadores do agronegócio mundial. Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento apontam que a produção agrícola brasileira deve crescer 20% até 2030. Propriedades alinhadas com a prática ESG devem se destacar cada vez mais no mercado.
Com os incentivos encontrados hoje, é totalmente acessível investir em tecnologias que tornem a produção sustentável alcançando não apenas lucro, mas também o melhor para a coletividade, uma vez que cuidar do meio ambiente é dever de todos.
O agricultor que adota políticas ESG está um passo à frente para a redução de custos, conservação dos recursos naturais e rentabilidade no seu negócio.
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