O solo é considerado o recurso mais precioso para toda a agricultura. Um bom solo é essencial para que agricultores consigam realizar o plantio e a colheita de boas safras em qualquer terreno.
No entanto, mesmo sendo plenamente possível, manejar o solo de terrenos acidentados representa uma preocupação a mais, pois exige do agricultor cuidados redobrados, principalmente para evitar ocorrências de erosão e perda de nutrientes.
Neste cenário, é de extrema importância que o agricultor conheça muito bem a topografia de seus terrenos acidentados para controlar os processos de desgaste do solo e manter o plantio e a colheita em níveis aceitáveis.
Sendo assim, muitos são os detalhes que o agricultor deve se preocupar quanto ao manejo em terrenos acidentados. Eles estão relacionados à adoção de medidas para realizar o plantio e colheita, assim como maquinários ideais e cuidados para evitar acidentes no uso de plantadeiras e colheitadeiras.
Plantio e colheita em terrenos acidentados: possível, mas que exige cuidados
Nas últimas décadas, o plantio e a colheita em terrenos acidentados ou com declive têm avançado consideravelmente em todo o mundo, inclusive no Brasil. Esse avanço tem ocorrido, em grande parte, por falta de áreas em terrenos planos ditos “nobres”.
Em algumas regiões específicas, as áreas planas estão cada vez mais escassas, exigindo das empresas ou proprietários rurais o desafio de utilizar áreas menos propícias à atividade agrícola nas suas propriedades.
Vale lembrar ainda que o plantio e a colheita se constituem, de uma maneira geral, como as operações mais caras de toda a cadeia produtiva da agricultura. Em áreas acidentadas, esses custos tendem a ser, em geral, ainda maiores.
Dessa forma, além dos cuidados tradicionais relacionados ao plantio, como origem e qualidade das mudas/sementes, eliminação de mato-competição, tratos culturais corretos, o plantio (e também a colheita) em áreas acidentadas exigem um planejamento mais detalhado para que o alinhamento de plantio e da colheita sejam bem-feitos.
Com um bom planejamento, técnicas agrícolas menos agressivas, mas que permitam boas produtividades, como o plantio em curvas de nível, são essenciais. Cabe a essas técnicas conservar a cobertura vegetal do solo e evitar ocorrências de erosão seguida por perdas de nutrientes do solo.
Baseado nisso tudo, engana-se quem acha que alcançar altas produtividades em terrenos de relevo acidentado é praticamente impossível. Quando o agricultor adota as melhores técnicas e faz uso do maquinário certo, a possibilidade de ele realizar a colheita de excelentes rendimentos de suas lavouras cresce de forma significativa.
Essas técnicas estão relacionadas à adoção de manejos específicos de preparação do solo como o uso de terraços e curvas de nível, além do uso das máquinas agrícolas que consigam operar nestas áreas sem maiores dificuldades.
Terraços e curvas de nível: essenciais para preparar solos acidentados
A erosão está entre os mais relevantes processos relacionados à degradação das terras na agricultura brasileira. Isso exige a adoção de práticas adequadas para seu controle, sendo esse um dos grandes desafios para a sustentabilidade da produção agrícola brasileira.
A construção de terraços é uma dessas práticas. Seu propósito é o de disciplinar o volume de escoamento das águas das chuvas, devendo ser utilizada concomitantemente com outras práticas edáficas, caso da cobertura do solo com palhada, calagem e adubação fertilizante balanceadas, e com práticas de caráter vegetativo, por exemplo, rotação de culturas com plantas de cobertura e cultivo em nível ou em contorno.
O terraceamento consiste na construção de uma estrutura transversal ao sentido do maior declive do terreno. Ele apresenta uma estrutura composta de um dique e um canal e tem a finalidade de reter e infiltrar, nos terraços em nível, ou escoar lentamente para áreas adjacentes, nos terraços em desnível ou com gradiente, as águas das chuvas.
Cabe ao terraço reduzir o comprimento da rampa, área contínua por onde há escoamento das águas das chuvas, diminuindo a velocidade de escoamento da água superficial.
Com função semelhante em áreas íngremes, o plantio em curvas de nível consiste na produção ordenada por meio de linhas com diferentes altitudes do terreno. Esse sistema ajuda a reter elementos solúveis do solo, ajudando a aumentar a produção.
Para curvas de nível, dependendo do tipo de inclinação do terreno, os degraus podem ser mais largos ou mais estreitos. As curvas de nível ficam ordenadas perpendicularmente à inclinação da encosta e ajudam a conservar os nutrientes do solo, imprescindíveis para o sucesso da plantação.
Vale ressaltar que nem todos os tipos de solos permitem a construção de curvas de nível, já que em solos pedregosos, muitos rasos ou com muita declividade não há a recomendação do terraceamento.
Mecanização para plantio e colheita em terrenos acidentados
Na atividade agrícola, máquinas agrícolas, como tratores, plantadeiras e colheitadeiras evoluem dia após dia. Hoje em dia temos plantadeiras que apresentam a impressionante quantidade de 96 linhas, com uma imensa largura. O mesmo ocorre com as colhedoras, que possuem grandes dimensões para melhor aproveitar a colheita.
O que ocorre, porém, é que essas máquinas agrícolas são muito grandes. Por essas dimensões elas tornam-se inviáveis para realizar tanto o plantio quanto a colheita em terrenos acidentados, mesmo que tenham curvas de nível e terraços com boas larguras.
Sendo assim, tanto a declividade do terreno quanto às áreas muito acidentadas representam uma das variáveis mais importantes quanto ao planejamento da mecanização do plantio e da colheita, exigindo máquinas de menores dimensões.
Com o avanço tecnológico ocorrido nos últimos anos, presenciamos um avanço significativo do plantio/colheita mecanizada em áreas cada vez mais declivosas e acidentadas, com excelentes opções em maquinários específicos para esse tipo de relevo.
No mercado especializado já temos plantadeiras mecânicas especialmente projetadas para um plantio mais preciso na distribuição de sementes e adubo. Estas máquinas trabalham em espaçamentos mais reduzidos, possibilitando rendimento ideal para os produtores que buscam aumentar a produtividade.
Podemos usar como exemplo algumas plantadeiras articuladas que possuem um inovador sistema de batente limitador da articulação. O sistema evita que os impactos da articulação sejam transferidos para o chassi da plantadeira.
Trata-se de um sistema simples e robusto, que prolonga a vida útil do equipamento, reduzindo o esforço e o impacto que o chassi recebe no momento que transpassa as curvas de nível ou o relevo acidentado.
Tais máquinas apresentam vantagens operacionais que facilitam o processo de plantio e colheita em áreas pequenas e terrenos acidentados, sendo que todos os seus ajustes e regulagens são realizados com segurança e ergonomia.
Esses novos recursos tecnológicos vão permitir mais eficiência para o agricultor, que poderá produzir mais com custos operacionais menores, permitindo plantio e colheita ideais, responsáveis por manter a eficiência de trabalho mesmo em terrenos acidentados.
Dicas extras: cuidados com tratores em terrenos acidentados
Na agricultura, os tratores são máquinas imprescindíveis. Porém eles são diferentes dos carros de passeio, principalmente quanto à estabilidade. Os tratores têm um centro de gravidade mais alto que os carros, por isso, terrenos com declives ou terrenos acidentados podem tombar ou capotar com mais facilidade.
Por isso, cabe ao operador respeitar os limites de operação evitando quaisquer riscos. Assim, em ambientes de terrenos inclinados, devemos ter atenção aos itens descritos a seguir.
- Nunca desça as encostas em ponto morto, use sempre a mesma marcha na descida que seria necessária para subida, isso ajuda o motor a segurar o trator;
- Faça uso correto das marchas. Isso ajuda os freios a conter o trator em descida, principalmente quando engatado com implemento ou carreta;
- Tenha cuidado ao desengatar máquinas e implementos de um trator, principalmente em subida, verifique se os mesmos estão corretamente calçados, evitando que ele se movimente causando acidente;
- Nunca estacione um trator, uma plantadeira ou uma colheitadeira numa ladeira;
- Tenha cuidado ao pisar na embreagem em ladeiras, tanto na subida, procure sempre trocar as marchas antes de iniciar uma subida ou descida;
- Se ocorrer uma batida com o trator ou ele capotar, desligue na hora o maquinário, evitando que ele pegue fogo;
- Muita atenção com ribanceiras, mantenha-se longe delas, ou pelo menos trabalhe com uma distância segura.
Conclusões
Terrenos acidentados podem representar grandes desafios para a condução da atividade agrícola, exigindo a preservação do solo com bons hábitos que evitam a erosão decorrentes de deslizamentos, enchentes, assoreamento dos rios, perda de espécies da fauna e da flora, redução da biodiversidade e da área de plantio, entre muitos outros.
Como solução, um bom planejamento e técnicas agrícolas menos agressivas, como o plantio em curvas de nível e adoção de terraços são essenciais. Essas técnicas conservam a cobertura vegetal do solo e contribuem com o aumento da produtividade nestas áreas.
Além disso, outros cuidados são essenciais na escolha e na utilização de máquinas agrícolas em terrenos acidentados ou em declives. Quando a escolha é mais assertiva, teremos aumento do potencial de plantio e colheita da atividade agrícola, assim como total segurança na operação.
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