Atualização do Plano ABC, o Plano ABC+ entra em vigor em setembro de 2022 e segue na proposta de facilitar e promover práticas mais sustentáveis no setor agrícola brasileiro. Com mais metas e desafios, a nova versão está focada em fortalecer a governança institucional, os sistemas de monitoramento e o uso de tecnologias de produção sustentável.
Nesse artigo, você vai conhecer mais sobre o Plano ABC, o histórico da eficiência do programa na última década, as principais mudanças do Plano ABC+ e os desafios para o futuro.
Vamos lá?
Quando tudo começou
Criado em 2012, o Plano ABC se propunha a ser uma referência de práticas que poderiam impactar a rotina no campo de produtores brasileiros – de grande, médio e pequeno porte – que se propunham a adotar estratégias mais sustentáveis de manejo agrícola, em todos os setores.
Plano ABC é, na verdade, a nome popular para o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura, ou ainda, Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono.
Publicado pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), em parceria com a Casa Civil e com o agora extinto MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), o Plano ABC contou com a colaboração de pesquisadores, autores, revisores e profissionais do agro, além de instituições de que atuam nas frentes socioeconômica, ambiental e agrícola.
Com vigência entre 2010 e 2020, o principal foco do documento era oferecer soluções para dar conta do desafio que é um dos principais compromissos internacionais do Brasil: a redução de gases de efeito estufa (GEE). E já podemos ver alguns resultados: entre 2014-2018 foram treinados 7,8 mil produtores rurais e mais de 18 mil pessoas se beneficiaram do projeto, direta ou indiretamente.
Vale lembrar que, além dos financiamentos do Plano ABC, muitos produtores aderiram à práticas sustentáveis com recursos próprios, muito devido à comprovação da eficácia de um manejo verde para melhorar a rentabilidade e a produtividade.
Quem planta, colhe!
O Plano ABC atuou em sete critérios principais, dos quais seis estavam ligados a tecnologias de mitigação de emissões de GEE e um voltado para a necessidade de adaptação às mudanças climáticas. São eles:
- Programa 1: Recuperação de Pastagens Degradadas (RPD);
- Programa 2: Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs);
- Programa 3: Sistema Plantio Direto (SPD);
- Programa 4: Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN);
- Programa 5: Florestas Plantadas (FP);
- Programa 6: Tratamento de Dejetos Animais (TDA);
- Programa 7: Adaptação às Mudanças Climáticas.
Cada um desses critérios foi dividido em três grandes grupos de ações
- Adaptação às mudanças climáticas,
- Mecanismos de monitoramento e
- Ações transversais.
Essas ações são referentes a práticas como palestras, workshops, cursos e seminários voltados para a sustentabilidade, capacitação e formação da assistência técnica no campo, transferência de tecnologia e muitas outras.
Até 2018, o programa de abrangência nacional também ajudou a financiar projetos de mitigação de GEE, ILPF, tratamento de dejetos e muito mais.
Abaixo, é possível ver os destaques dos financiamentos do Plano ABC nas Safras 2016/17, 2017/18 e 2018/19:
Do total contratado através do Plano ABC, os principais investimentos foram na recuperação de áreas degradadas e nos programas de plantio direto. Mas o plantio de florestas, a ILPF, o tratamento de dejetos e outros, seguindo as metas e regras do plano, também receberam recursos.
Quanto à região, o Centro-oeste foi destaque na captação de financiamentos verdes, seguido pelo Norte e Nordeste. O Sul e o Sudeste Brasileiro ficaram em penúltimo e último lugares, respectivamente.
Se comparamos também o balanço das emissões de GEE da agropecuária antes da vigência do Plano ABC e posteriormente, o resultado é positivo, ainda que o avanço tenha sido tímido.
As avaliações foram feitas a partir de duas categorias:
- cenário de “Áreas prioritárias”: recuperação de 15 Mha de pastagens com maior nível de degradação;
- cenário de “Livre Alocação”: recuperação de 15Mha de pastagens a nível nacional, independentemente do nível de degradação.
Se considerarmos os objetivos e critérios estabelecidos pelo plano, a redução nas emissões de GEE foi o que mais apresentou avanços, seguido pela implementação de tecnologias de recuperação de pastagens, integração lavoura-pecuária-floresta, sistema de plantio direto e florestas plantadas.
Porém, para dar conta das metas dos acordos internacionais, o Brasil ainda precisa reduzir as emissões de GEE em 37% até 2025 e 43% até 2030, frente aos níveis iniciais do plano. Nesse sentido, o Plano ABC+, a segunda etapa do projeto, vem com novos desafios e ferramentas para uma produção mais sustentável.
Plano ABC+: o que muda?
Publicado pelo MAPA em 2021, o Plano ABC+ também contou com a participação de pesquisadores, profissionais e instituições de pesquisa dos mais diversos setores. O foco dessa nova versão é a necessidade de adotar estratégias voltadas para a adaptação às mudanças climáticas. São três os pilares estratégicos do programa:
- Abordagem Integrada da Paisagem (AIP);
- Mitigação de GEE e a adaptação;
- Estímulo à adoção e manutenção de Sistemas, Práticas, Produtos e Processos de Produção Sustentáveis (SPSABC)
A inovação tecnológica das últimas décadas também permitiu outras alterações, como a inclusão de três outras práticas de produção sustentáveis: o Sistema Plantio Direto Hortaliças (SPDH), Sistemas Irrigados (SI) e Terminação Intensiva (TI).
As principais metas para o período de vigência do Plano ABC+ – entre 2020 e 2030 – ampliar a adoção de práticas verdes em 72,68 milhões de hectares, aumentar o tratamento de resíduos de animais em 208,40 milhões de m3 e abater 5 milhões de bovinos em sistemas de cria intensiva. A expectativa é mitigar 1.042,41 milhões de Mg CO2eq.
Para cumprir essas metas, o foco é o investimento em tecnologia, ciência e pesquisa, garantindo a formação dos profissionais do setor de produção e a publicação de informações sobre novas estratégias, resultados e sintetização dos dados. Para isso, o plano vai contar com a ajuda do MAPA, da Embrapa e de diversas entidades e agências, que vão implementar e executar as atividades propostas.
O Brasil na comissão de frente da sustentabilidade
O Brasil é um dos líderes em produção agrícola mundial que mais investe em práticas verdes. O sucesso do Plano ABC confirmou a potência que nosso país é para os principais desafios conservacionistas do milênio. Com o Plano ABC+, novos produtores terão a oportunidade de aderir processos sustentáveis, projetos iniciados no surgimento do plano poderão se expandir e novas tecnologias entrarão em cena.
Por isso, fique ligado nas ações do plano e acompanhe aqui no blog da Sensix as principais mudanças e avanços. Assim, juntos, poderemos construir um futuro mais sustentável no agro brasileiro e mundial.
Confira também: Biorremediação: solução sustentável para solos contaminados
Deixe um comentário