Isoporização da cana: o que é e quais são os prejuízos para a produtividade?

A isoporização da cana é um fenômeno que afeta a produtividade do canavial e, consequentemente, preocupa os produtores do setor sucroenergético.

Deste modo, esse problema merece atenção, pois a cana isoporizada tem menor quantidade de água, afetando seu processamento na indústria e diminui os resultados do beneficiamento.

Vamos te ajudar a entender o que é esse fenômeno, suas causas e quais são os impactos da isoporização da cana para a produtividade. Continue a leitura:

O que é a isoporização da cana?

A produtividade da cana-de-açúcar está ligada a diversos fatores, como  pragas, doenças, pisoteio de soqueira e plantas daninhas, por exemplo. Contudo, um problema pouco falado é a isoporização da cana, um processo também conhecido como “chochamento”.

Mas, o que é esse fenômeno? É a desidratação dos tecidos do colmo que, ao perderem água, adquirem, de forma gradativa, coloração branca. (CAPUTO et al., 2007). Ou seja, o colmo perde umidade, ficando mais “chocho” e mais fibroso. Logo, se torna menos espesso e denso e pode evoluir do centro da planta para a periferia.

O que causa a isoporização da cana?

A princípio, o principal causador do chochamento é o florescimento das plantas. Além disso, algumas variedades de cana-de-açúcar também são mais propensas a isoporização.

Portanto, para compreender melhor como a planta fica chocha, é preciso conhecer os efeitos do aparecimento das flores da cana. Então vamos lá!

Ao fazer o plantio de cana, evite ao máximo que a planta chegue a etapa de florescimento. Afinal, esse processo é indesejado, pois a estrutura de interesse comercial da planta é o colmo e o teor de açúcares nele incluídos. 

As flores drenam boa parte da água e dos açúcares, retirando esses nutrientes principalmente do colmo, parte em que há maior concentração deles. Assim, a sacarose presente no colmo se transforma em glicose e frutose e passa a ser enviada ao pendão, causando a desidratação da cana.

Nesse sentido, o florescimento é determinado por estes três principais fatores: 

  • Fotoperíodo, ou tempo de exposição a luz solar em determinado período;
  • Temperatura do ambiente;
  • Umidade do solo.  

A indução do florescimento é favorecida por um fotoperíodo entre 12 horas a 12 horas e 30 minutos ao dia. Porém, o período de exposição a luz solar varia para cada região, deste modo, nos Estados que mais produzem cana, ocorre em:

  • São Paulo: acontece principalmente nos meses de fevereiro a março na região do estado.
  • Regiões produtoras do Nordeste: ocorre entre janeiro a março, quando o número de horas de luz começa a reduzir em relação ao início do verão. 

Veja a seguir uma imagem que ilustra o efeito do florescimento na brotação e perfilhamento da cana-de-açúcar.

Relação entre a temperatura e o florescimento

Como dito acima, nos períodos mais propensos ao florescimento, a temperatura é quem dita o favorecimento da aparição de flores. Tal qual, o florescimento nestes intervalos acontece com temperaturas noturnas acima de 18ºC e temperaturas diurnas abaixo de 31ºC. 

Igualmente, o florescimento é favorecido pelas chuvas regulares, que acontecem antes ou durante o período crítico do fotoperíodo. Portanto, dá para ver que a isoporização e o florescimento são provocados por fatores não controláveis.

Principal sintoma do chochamento

Isoporização da cana

A isoporização da cana-de-açúcar tem como principal sintoma a coloração branca no colmo da cana. Bem como, esse processo acontece do centro para a periferia e da ponta para a base, variando conforme a cultivar.

Principais danos para a produtividade do canavial

A redução de sacarose e do volume de caldo são os principais fatores no qual o florescimento interfere (Salata & Ferreira, 1977). E como o florescimento causa a isoporização, os prejuízos no campo são muitos. Primeiramente, há a desidratação do colmo, fator que gera perdas da concentração de ATR no canavial. Consequentemente, a qualidade da produção é reduzida.

Já na operação, os danos do chochamento com a perda de água e a cana mais rígida prejudicam no rendimento da colhedora. Por fim, quando a cana chega a indústria com colmos mais fibrosos e esponjosos há maior dificuldade na extração dos açúcares. Logo, a lucratividade por tonelada é reduzida.

Saiba como evitar os danos da isoporização da cana-de-açúcar

Atualmente, já existem algumas práticas de manejo que colaboram para evitar perdas maiores na produtividade. A principal ação é usar variedades mais resistentes ao florescimento no campo. Confira aqui quais são as mais indicadas pela Assocana.

Além disso, outro método muito empregado é a aplicação de maturadores no canavial. Estes produtos inibem o florescimento, alterando a fisiologia das plantas. Porém, atenção: aplique os maturadores antes do período crítico de florescimento.  

E o que fazer quando a planta da cana já está com flores? Nesse caso, avalie a possibilidade de uma colheita antecipada. Deste modo, o objetivo é evitar um longo período de florescimento, que reduz ainda mais a produtividade.

Finalmente, vamos à dica de ouro: para evitar a isoporização da cana, o ideal é acompanhar o desenvolvimento do canavial constantemente. Para isso, conte com a tecnologia do FieldScan, uma solução que rastreia o desenvolvimento de biomassa do canavial com imagens de satélites semanais e também identifica linhas e falhas de plantio. 

FONTES:

Stab

CNPEM

Revista Canavieiros

Embrapa

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