Fósforo: produto essencial na agricultura 

Um dos primeiros e mais importantes passos para a abertura de uma área de lavoura é, sem dúvidas, a análise do solo. O processo é indispensável para que o produtor conheça as características da área e, a partir disso, consiga tomar importantes decisões, inclusive no que se refere à cultura que será produzida.  

Dentro da análise de solo, uma etapa bastante importante é a análise de fósforo (P), já que a quantidade desse elemento é fundamental para determinar se a terra é fértil e para ajudar o produtor a escolher a melhor cultura para ser produzida naquela área específica.  

Ao lado do Nitrogênio e do Potássio, o fósforo é um dos mais importantes nutrientes para uma planta, sendo, inclusive, indispensável para o crescimento e desenvolvimento das culturas, já que desempenha papel essencial na formação de ATP (Trifosfato de adenosina), a principal fonte de energia para a realização de processos como a fotossíntese e a divisão celular.  

Quando os níveis deste elemento estão abaixo das necessidades da cultura – algo observado a partir da análise do solo e da diminuição do crescimento das plantas – torna-se necessário fazer a adubação de reposição e manutenção de fósforo.  

A análise de fósforo é um procedimento complexo, já que o elemento pode aparecer na solução de duas formas: lábil e não lábil. O fósforo na solução do solo é, por si só, insuficiente para suprir as necessidades de uma cultura, porém isso pode mudar caso o elemento esteja em equilíbrio com a fração lábil, responsável por promover uma constante reposição do fósforo disponível na solução.  

Os principais métodos de extração do fósforo são o Mehlich 1 (cujo extrator é uma mistura dos ácidos sulfúrico e clorídrico) e a Resina (feito por meio de uma resina trocadora de ânions).  

Os extratores definem, a partir da análise em laboratório, se a amostragem de solo tem a quantidade de fósforo necessária para ser absorvida pelas possíveis culturas a serem plantadas no local. Solos mais argilosos tendem a apresentar valores mais baixos, enquanto solos mais arenosos têm valores mais altos.  

Vale lembrar, no entanto, que valores mais baixos de fósforo não significam, necessariamente, que o solo não é fértil, já que é possível aumentar a quantidade desse elemento por meio da adubação fosfatada (realizada por meio do uso de doses elevadas de fertilizantes fosfatados, industrializados ou naturais).  

Extratores químicos 

Apesar de existirem outros extratores, o Brasil utiliza extensivamente apenas o Mehlich 1 e a Resina. O método de Mehlich 1 (ácido clorídrico e ácido sulfúrico) utiliza um extrator bastante ácido e, assim, é capaz de extrair o fósforo ligado ao cálcio, que não está disponível para as plantas. Devido a isso, nos solos adubados com fosfatos de baixa solubilidade é possível extrair quantidades de fósforo superiores às consideradas disponíveis, o que resulta em correlações inadequadas com rendimentos das culturas. 

Entretanto, em solos argilosos o método de Mehlich 1 pode subestimar os valores de fósforo disponível e apresentar valores menores. Isso acontece pelo fato de os extratores serem mais desgastados nesses solos em comparação aos solos arenosos.  

Já a Resina de troca aniônica busca simular o comportamento do sistema radicular das plantas na absorção de fósforo do solo, processo capaz de gerar a adsorção de fósforo na solução nas cargas positivas da resina aniônica. Como resultado, remoção do fósforo adsorvido na superfície das partículas do solo faz com que a resina não superestime a disponibilidade do elemento químico em solos tratados com fosfatos naturais. 

Na prática, a Resina apresenta maior sensibilidade às variações de solos e é, portanto, mais adequada para estimar a quantidade de fósforo presente no solo, independente do tipo de área analisada. Além disso, o método revela o efeito da calagem ao aumentar a disponibilidade de fósforo para as plantas com mais precisão que o método de Mehlich 1.  

Por outro lado, o Mehlich 1 apresenta algumas vantagens, como a obtenção de extratos límpidos, o baixo custo de análise e a simplicidade operacional. 

Imagem: Mais Soja 

Conclusão  

O fósforo desempenha papel essencial às plantas e, consequentemente, à agricultura. Os solos têm esse elemento químico em menores ou maiores proporções, sendo que as diferentes quantidades são determinantes para fazer das áreas produtivas ou inférteis. É por isso que cabe ao produtor conhecer muito bem sua terra, por meio da análise do solo e do constante monitoramento.  

Com a análise do solo, inclusive, é possível saber qual cultura é a mais indicada para uma área com determinadas características. Além disso, no caso de o solo ter pouca quantidade de fósforo, a análise permite que o produtor saiba como poderá tratar essa terra para torná-la produtiva por meio da adubação fosfatada.  

Os principais métodos de extração do fósforo – o Mehlich 1 (cujo extrator é uma mistura dos ácidos sulfúrico e clorídrico) e a Resina (feito por meio de uma resina trocadora de ânions) – são bem diferentes entre si, inclusive na precisão da análise. A Resina apresenta resultados mais exatos, embora o Mehlich 1 tenha custos mais baixos.  

Independentemente do método de extração adotado, o produtor deve se atentar aos níveis de fósforo no solo e utilizar a tecnologias e técnicas adequadas para mantê-lo com os melhores resultados possíveis, afinal, isso só tende a beneficiar a sua lavoura.  

Confira também nosso artigo sobre disponibilidade de fósforo nas plantas.

Referências consultadas  

Rehagro 

Beef Point 

Revista Cultivar 

Digital Water 

Tecnal 

Mais Soja 

CPT 

Revista Globo Rural 

Jornalista, mestre em Tecnologias, Comunicação e Educação, revisor e redator freelancer. Atua como repórter e assessor de imprensa e já publicou dois livros como autor independente. Tem interesse por cinema, literatura, música e psicanálise.

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