O Centro de Previsão do Clima (CPC), vinculado ao Serviço Nacional de Meteorologia da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos, estima uma probabilidade de mais de 95% de que o padrão climático El Niño persista até março de 2024.
Em comunicado, o CPC informou que em agosto as temperaturas da superfície do mar estiveram acima da média ao longo do Oceano Pacífico equatorial, com um fortalecimento notável na região central e leste-central.
No que tange à probabilidade de um El Niño “forte”, o CPC a coloca atualmente em 71%, ressaltando que um fenômeno mais intenso nem sempre acarreta impactos substanciais. No entanto, adverte que esse padrão climático pode afetar diferentes regiões de maneiras distintas.
O El Niño eleva as temperaturas da superfície do oceano no Pacífico central e oriental, potencialmente desencadeando fenômenos climáticos extremos, desde incêndios florestais até ciclones tropicais e secas prolongadas. Eventos de El Niño geralmente ocorrem a cada 2 a 7 anos, com duração de 9 a 12 meses. O atual fenômeno chegou mais cedo este ano.
Em julho, a Organização Meteorológica Mundial alertou que o El Niño deste ano pode resultar em temperaturas recordes e condições climáticas extremas.
O último evento de El Niño forte ocorreu em 2016, considerado o ano mais quente já registrado.
No que concerne aos impactos do fenômeno no Brasil, Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Operações e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, destaca o El Niño como uma das causas da combinação de sistemas meteorológicos que afetam o Rio Grande do Sul.
Ele adverte que o fenômeno ainda não atingiu sua máxima intensidade e não descarta a possibilidade de ocorrências semelhantes nos próximos meses.
A previsão indica chuvas acima da média no Sul do Brasil até, pelo menos, novembro.
O El Niño tem efeitos distintos na América do Sul, resultando em chuvas intensas no Sul e condições secas no Norte/Nordeste, alterando os sistemas frontais e suas chuvas associadas durante seu período.
Durante o fenômeno, o Sul do Brasil recebe precipitações frequentes e volumosas devido às frentes frias. O padrão climático regional se transforma, gerando chuvas no Sul e seca no Norte/Nordeste, à medida que o El Niño modifica as massas de ar quente e frio, impactando a ocorrência de chuvas. Durante esse período, as frentes frias tendem a se deslocar mais frequentemente para o Sul do Brasil.
Segundo Seluchi, “Em anos de El Niño, observa-se um aumento na frequência de frentes frias estacionando sobre a região Sul.”
Isso ocorre devido ao aquecimento próximo ao Equador, que intensifica os jatos de vento na alta atmosfera, influenciando o comportamento das frentes frias, as quais têm uma tendência a se deslocar mais para o Sul durante o fenômeno. Os jatos controlam essas frentes e, durante os anos de El Niño, resultam em maior quantidade de chuvas na região Sul devido a essa alteração na dinâmica atmosférica.
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