Dentre as muitas doenças que podem se espalhar pela soja, a podridão radicular está entre as que mais preocupam, já que se faz presente em várias regiões do país e é capaz de reduzir o rendimento dos grãos em até 100%.
Também conhecida como podridão da raiz e haste por fitóftora, a doença é causada pelo oomiceto Phytophthora sojae e pode ser observada em várias fases do desenvolvimento da planta.
No caso de sementes infectadas, por exemplo, o patógeno é capaz de retardar toda a germinação. Já em plântulas infectadas na fase inicial, tende a deixar os tecidos com uma coloração marrom.
Outros indicativos da doença são apodrecimento do sistema radicular, lesões de coloração marrom em sentido ascendente na haste principal, clorose, murcha das folhas e redução no rendimento e produtividade de grãos.
Todos esses sintomas podem não apenas aparecer em plantas isoladas na lavoura, mas também se manifestar em reboleiras, especialmente quando há acúmulo de água no solo.
A situação se torna ainda mais preocupante porque o patógeno Phytophthora sojae consegue sobreviver por longos períodos, ainda que na ausência do hospedeiro. O solo e restos culturais de soja contaminada são as principais fontes de contaminação, embora as plantas sejam fontes de inóculo apenas durante a safra seguinte.
Outro aspecto que merece atenção é que o patógeno da podridão radicular em soja não é transmitido por sementes. Por outro lado, alguns fatores facilitam bastante sua proliferação, como temperaturas próximas aos 25°C e umidade do solo elevada. A doença também tem maior ocorrência em solos argilosos, compactados e mal drenados.
Proliferação pelo Brasil
Os maiores progressos no combate à doença surgiram no Brasil a partir de 2006, depois de ocorrer mortes generalizadas de plantas em várias regiões do país durante a safra 2005/2006. Diante dessa situação, pesquisadores e representantes de diversas instituições ligadas ao campo se reuniram para entender o problema e buscar alternativas eficazes para resolvê-lo.
A Embrapa Trigo e a Embrapa Soja, por exemplo, percorreram, entre o fim de 2005 e os primeiros meses de 2006, diversas propriedades para avaliar a situação.
Na época, várias hipóteses sobre a causa das mortes foram levantadas, até que as investigações laboratoriais concluíram que o patógeno Phytophthora sojae, causador da podridão radicular, era o grande responsável.
A doença foi identificada pela primeira vez nos Estados Unidos, em 1955, e nas décadas seguintes chegou a outros países, como Argentina, Canadá, China e Austrália.
No Brasil, o primeiro relato foi feito no Rio Grande do Sul, na safra 1994/1995. No entanto, foi somente na safra 2005/2006 que fez grandes estragos pelas lavouras do país.
Além de soja, a doença infecta apenas a Glycine soja e espécies como o Lupinus, que não são culturas importantes para o Brasil do ponto de vista comercial.
Combate à doença
Diante de todos os malefícios proporcionados pela podridão radicular, combater a doença é essencial para que o produtor rural não tenha sua produção colocada em risco. Para alcançar os melhores resultados, ele deve recorrer a algumas técnicas de manejo, muitas das vezes, realizadas em conjunto.
Alguns cuidados fundamentais incluem a busca por plantas geneticamente resistentes e a drenagem em locais com maior propensão à doença, como as áreas de várzea.
Outra medida capaz de excelentes resultados é a rotação de culturas, prática que evita o aumento da quantidade do patógeno no solo.
Por outro lado, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) alerta que a aplicação de fungicidas na planta não apresenta nenhum efeito contra a podridão radicular por fitóftora.
Outra questão relevante é que no Brasil não existem produtos químicos registrados para o tratamento de sementes de soja contra a doença, o que, na prática, tona o trabalho do produtor rural ainda mais desafiador, afinal, a doença tem potencial para arruinar uma lavoura inteira.
Conclusão
A podridão radicular, também conhecida como podridão da raiz e haste por fitóftora, é uma doença causada pelo oomiceto Phytophthora sojae, capaz de fazer grandes estragos na produção de soja. A doença pode se espalhar rapidamente e, em pouco tempo, colocar uma lavoura inteira em risco.
No Brasil, a preocupação com a doença é maior desde a safra 2005/2006, quando foram registradas mortes generalizadas de plantas em diversas regiões do país.
De lá para cá, a tecnologia avançou bastante e hoje é desenvolvido um trabalho constante de melhoramento de soja para evitar a ocorrência da doença. Além disso, atualmente o diagnóstico é muito mais rápido e preciso, o que facilita o combate à podridão radicular, especialmente quando identificada com rapidez.
Apesar desses avanços, é essencial que o produtor sempre busque plantas geneticamente resistentes e tenha atenção redobrada em relação a fatores que podem contribuir para a proliferação do patógeno, como temperaturas em torno dos 25°C e umidade do solo elevada. Em alguns casos, inclusive, a drenagem do solo é altamente recomendável.
É essencial, também, ter um trabalho de monitoramento em toda a plantação, para que as decisões corretas sejam tomadas caso a doença surja, até porque a aplicação de fungicidas na planta não surte efeito contra a podridão radicular e o Brasil não têm nenhum produto químico registrado para o tratamento de sementes contra a doença.
Diante disso, cabe ao produtor realizar um trabalho intenso em sua lavoura para que, assim, mantenha a podridão radicular longe de suas plantas. Por outro lado, a boa notícia é que o avanço da tecnologia tem indicado que em um futuro próximo o Brasil terá essa doença sob controle.
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