O solo é um organismo vivo, dinâmico e complexo. É o habitat natural de uma diversidade de macro e microorganismos, como fungos e bactérias. Conservar a qualidade e fertilidade do solo é uma das principais preocupações dos produtores, pois o crescimento das plantas, a rentabilidade das culturas e níveis satisfatórios de produtividade são profundamente dependentes dos atributos da terra.
Neste artigo, vamos mostrar como e porque é importante conservar a vida do solo, com frequentes análises e estratégias de melhoramento.
Fungos, bactérias e vírus podem ser aliados
Junto com outros quatro fatores – o clima, o tempo, a topografia e o material parental – a microbiota é um dos elementos mais essenciais tanto na formação quanto na manutenção e melhoria da qualidade da terra. Esses microrganismos são responsáveis por realizar processos biológicos indispensáveis para a vida no planeta, como a fixação de nitrogênio na atmosfera, a decomposição de matéria orgânica e a ciclagem de nutrientes, por exemplo.
O solo é também um recurso natural não-renovável indispensável para a agricultura e, para que o produtor tenha bons resultados, deve apresentar capacidade de suprimento de nutrientes, drenagem, armazenamento de água, condições de crescimento das raízes e atividade biológica adequadas.
Quando dizemos que solo bom é solo vivo é porque levamos em consideração o fato de que quase 90% dos processos que ocorrem nele contam com a participação de microorganismos: fungos, bactérias e vírus. Eles são responsáveis por:
- fazer circular os componentes minerais;
- mineralizar a matéria orgânica;
- sintetizar proteínas e ácidos nucleicos;
- transformar nutrientes no solo;
- decompor a biomassa;
- disponibilizar nutrientes para as plantas;
- manter a estrutura do solo;
- bio-degradar impurezas.
Fonte: CropLife
Sabemos que o uso indiscriminado de defensivos agrícolas pode alterar consideravelmente o solo ao combater pragas e infestações. Isso porque o tempo de permanência dos resíduos desses defensivos no ambiente é muito elevado, graças a dificuldade que bactérias, fungos e vírus naturalmente presentes no solo têm de decompor esses materiais. Outro fator é que a concentração de compostos químicos desses defensivos pode ser alterada por processos muito comuns no campo – escoamento superficial do solo, lixiviação e volatilização – e, assim, fugir do controle do produtor.
Muitas vezes, esse erro é irreversível: sem contar os territórios cobertos majoritariamente de gelo, cerca de 430 milhões de hectares da superfície terrestre livre estão inférteis. A poluição química causa infertilidade, mas a erosão, a salinização e a compactação são fatores ligados à alteração da microbiota e que podem resultar na degradação do solo:
Fonte: CropLife
Por essa razão é importante tomar alguns cuidados no manejo do solo e escolher boas estratégias para assegurar a conservação dos microrganismos. Avaliar o uso de defensivos agrícolas é importante, pois, ao atingirem o solo, podem causar danos quase impossíveis de serem revertidos.
Fungos e bactérias são responsáveis pela retenção de água, aeração, fluxo de energia, evolução, equilíbrio ecológico e muito mais. Por meio da produção de metabólitos e de húmus, relações tróficas, agregação, entre outros, é possível assegurar a permanência da vida no solo. Abaixo, é possível ver um esquema dos processos biológicos do solo, suas relações e funções:
Fonte: Portal do Agronegócio
Dicas para conservar a vida no solo
Você já sabe que a presença de fungos e bactérias no solo é indispensável para assegurar a qualidade e crescimento das culturas. Mas existem algumas técnicas de manejo e estratégias que podem ser ao mesmo tempo rentáveis e sustentáveis.
Algumas delas merecem destaque:
- Plantio direto
No plantio direto, a semeadura é feita em solo não revolvido. Com isso, explora o potencial genético das culturas e assegura um ambiente mais fértil por mais tempo.
- Bioinsumos
São quaisquer tipos de insumos de origem biológica, desenvolvidos a partir de enzimas, extratos de plantas de micro e macrorganismos. Podem ser usados tanto para a fertilização do solo quanto para o controle biológico de plantas invasoras, pragas e infestantes.
- Rotação de culturas
O sistema de rotação de culturas ajuda a deixar o solo “descansar”. Ao alternar, de forma ordenada, as espécies cultivadas, observa-se o controle das plantas daninhas, doenças e pragas, sem a necessidade de explorar indiscriminadamente defensivos químicos.
- Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
A ILPF ajuda a controlar daninhas e outras pragas. Também é uma ótima estratégia para evitar a compactação do solo e assegurar disponibilidade de alimento para o gado.
- Adubação verde
Essa prática aumenta a capacidade de armazenamento de água no solo, ajudando na descompactação, amenizando o impacto causado pela lixiviação e atuando para a reciclagem de nutrientes.
Quais as vantagens de aderir práticas de conservação?
Conservar fungos e bactérias é essencial, pois, quando há interferência – físicas ou químicas – nesses ambientes, pode haver um desequilíbrio das características que naturalmente equilibram o material. Por isso, aderir práticas de conservação focadas em manter vivos esses microrganismos têm consequências positivas para o produtor, entre as quais merecem destaque, pois os fungos e bactérias:
- Disponibilizam nutrientes para as plantações: a decomposição que fazem libera componentes minerais que ajudam as plantas a crescer;
- Funcionam como indicadores da qualidade do solo: a presença de matéria viva pode determinar a maneira que o solo deve ser manejado para receber as cultivares;
- Participam da simbiose: a fixação de nitrogênio no ar, o crescimento de raízes e o desenvolvimento das plantas, tudo isso é resultado da simbiose de fungos e bactérias com as características naturais das plantas;
Fonte: TMF Fertilizantes
- Promovem a ciclagem de matéria orgânica: é o ponto mais central do papel desses microrganismos no solo. Eles são capazes de converter materiais orgânicos em húmus, garantindo umidade e frescor no solo;
- Recuperam solos já degradados: os microrganismos ajudam a regenerar solos já degradados e, por isso, são altamente benéficos para o meio ambiente. Em áreas que já foram totalmente expostas, são capazes de aumentar a disponibilidade de água, fósforo e nitrogênio.
Quem planeja sai na frente: principais estratégias para negócios saudáveis
Antes de tomar qualquer decisão, faça uma análise de solos! Esse passo é essencial porque vai determinar qual a melhor estratégia para sua propriedade. A partir daí, encontre as técnicas de manejo mais adequadas para seu empreendimento, seja ele agrícola ou pecuário. Em seguida, dedique um tempo na elaboração de um bom planejamento, deixando claro o que deve ser feito em cada passo da produção. Nesse planejamento, considere também criar um mapeamento de risco, ou seja, fatores climáticos, temporais, mercadológicos, econômicos e sociais que podem interferir no seu negócio. Crie hipóteses de soluções para esses problemas e tenha em mente a necessidade de procurar no futuro profissionais especializados para dar conta dessas demandas.
A manutenção da fertilidade e da vida no solo não é só técnica! Estratégia é o segredo do sucesso!
Confira também: Manejo Integrado de Doenças é essencial para sucesso da lavoura
Fontes
Crop Life Brasil – Microrganismos no solo: essenciais para a produção agrícola
Crop Life Brasil – O solo: patrimônio essencial da agricultura
Por favor, pode se referir ao uso do fogo na agricultura e pecuária e seus efeitos de curto e longo prazo na produtividade do solo? Obrigado!