As plantas de cobertura são importantes pilares do sistema de plantio direto, por isso é preciso conhecer suas características que estimulam sua adoção em lavouras brasileiras.
Consolidada como uma das maiores inovações tecnológicas da agricultura no fim do século passado, o Sistema Plantio Direto (SPD) vive, na atualidade, um rápido aprimoramento de suas estratégias e, nesse cenário, as plantas de cobertura apresentam grande protagonismo.
Este sistema faz com que o solo esteja coberto a maior parte do tempo, sem que ele seja revolvido por máquinas e/ou implementos agrícolas. Assim, para que isso aconteça, há a necessidade de promover o cultivo das plantas de cobertura.
Entretanto, a variedade desse tipo de cultivo é bastante grande, e cada uma delas pode ser direcionada para uma ou algumas funções específicas de manejo. Por isso, convidamos você a conferir as principais características que as plantas de cobertura devem ter, assim como os tipos mais utilizados na agricultura brasileira.
O que são plantas de cobertura?
Como o próprio nome indica, as plantas de cobertura têm a finalidade de cobrir o solo, protegendo-o contra processos erosivos e a lixiviação de nutrientes. Mas, além disso, tais plantas incrementam a biologia e promovem efeitos benéficos na fertilidade do solo mediante o aumento na ciclagem de nutrientes.
Assim, com o intuito de propiciar maior qualidade ao solo, o uso delas representa um dos pilares em sistemas de plantio direto, permitindo que o agricultor consiga manter a saúde do solo agrícola que, por consequência, ajudará a fazer com que sua produção tenha maior qualidade.
São também bastante efetivas no controle de uma série de pragas e ervas daninhas que representam grandes problemas para os agricultores. Assim, em várias ocasiões, o cultivo da cobertura já é suficiente para impedir a proliferação de muitos invasores.
De uma maneira bastante reduzida, pode-se dizer que as plantas de cobertura representam um importante exemplo de como a própria natureza entrega respostas fáceis e diretas para vários dos problemas enfrentados pelo agricultor.
Características essenciais que plantas de cobertura devem ter
Plantar para melhorar a qualidade do solo: esse é o princípio da necessidade de uso das plantas de cobertura, também conhecidas como adubos verdes. Mas, muitos são os outros benefícios do uso das plantas de cobertura na lavoura, tais como:
- Combate à erosão
Elas são capazes de evitar a temida erosão do solo, funcionando como uma camada protetora que evita o impacto direto das gotas de chuva sobre o solo. Impedem ainda a lixiviação, que “lava” os nutrientes do solo.
- A fauna é beneficiada
A fauna que vive na superfície e nas camadas superiores do solo encontra abrigo e alimento nas plantas de cobertura, além de reduzir problemas com pragas e doenças.
- Oferece matéria orgânica ao solo
Servem como matéria-prima para formar a matéria orgânica que promove a estruturação do solo, a retenção de umidade e o aumento da porosidade, permitindo a circulação de água e ar.
- Isolante térmico
Impedem que os raios solares atinjam a superfície do solo. Isso ajuda a evitar a elevação da temperatura, além de reduzir a evaporação da água do solo.
- Reduz a compactação
A camada de palha funciona como um amortecedor contra o peso excessivo de máquinas, tratores e animais, diminuindo o risco de compactação superficial do solo. Já as raízes vigorosas também impedem a formação de camadas compactadas no interior do solo.
- Aumentam a porosidade do solo
Suas raízes ajudam a aumentar a porosidade do solo, facilitando a infiltração de água e trazendo os nutrientes de camadas profundas para a superfície do solo.
- Reduzem o potencial de germinação de plantas daninhas
As plantas de cobertura impedem que os raios solares atinjam a superfície do solo, com isso reduzem o potencial de germinação das sementes de plantas daninhas. A palha ainda funciona como barreira física ao crescimento dessas plantas.
- Reduz a população de pragas e doenças
O cultivo das plantas de cobertura ajuda a reduzir a presença de pragas e doenças na lavoura. A crotalária, por exemplo, é uma planta de cobertura que pode ser usada para controlar nematoides que atacam culturas como a soja. Essa planta permite que o nematoide penetre em suas raízes, mas não permite que ele se reproduza.
Principais plantas de cobertura utilizadas na agricultura brasileira
Muitas são as plantas de cobertura com capacidade de uso em lavouras no Brasil. Mas cada uma dessas plantas deve apresentar algumas características específicas, dentre as quais vale ressaltar:
- Ser de fácil estabelecimento;
- Apresentar crescimento mais rápido;
- Proporcionar boa cobertura do solo;
- Não ter a capacidade de hospedar doenças, pragas e nematoides;
- Permitir a colheita de grãos ou o pastejo animal no período de entressafra;
- Apresentar sistema radicular mais vigoroso e profundo, além de produzir matéria seca em quantidade suficiente para a semeadura direta.
Com base nestas características, as seguintes variedades desempenham muito bem este papel:
- Crotalaria Juncea
Possui a capacidade de fixar grandes quantidades de nitrogênio, além de produzir grandes quantidades de biomassa. Porém, não tolera solos salinos. Também é uma excelente alternativa para o manejo de plantas daninhas. Pode ser utilizada em consórcio com uma gramínea.
- Milheto
Muito aplicado na região sudeste e centro-oeste, o milheto tem a capacidade de produzir grande quantidade de biomassa, sendo muito resistente à seca. Também pode ser utilizada para alimentação animal.
Apresenta também a habilidade de reciclagem de nutrientes, em especial o potássio (K).
- Feijão Guandu
Possui a capacidade de fixar nitrogênio, além de auxiliar na descompactação do solo, sendo um bom reciclador de nutrientes, porém não tolera a seca. Essa leguminosa incrementa a produtividade de culturas implantadas em consórcio e de culturas subsequentes, além de conferir boa sustentabilidade ao sistema produtivo.
- Sorgo
Diferentemente do feijão guandu, o sorgo consegue tolerar a seca, além de possuir capacidade de formar associações micorrízicas. Consegue produzir grande quantidade de matéria-seca e pode ser utilizado na alimentação animal.
É uma excelente opção para o manejo de plantas daninhas.
- Nabo forrageiro
Auxilia na descompactação do solo, além de apresentar elevada capacidade de ciclagem de nutrientes, sendo tolerante à seca e proporcionando maior cobertura do solo.
Outra vantagem referente a utilização deste tipo de planta de cobertura diz respeito a melhoria no manejo fitossanitário da lavoura, o que beneficia diretamente as safras seguintes.
- Braquiária
O uso da Brachiaria ruziziensis como cobertura vegetal em plantio direto é bastante utilizada nas regiões Norte e Centro-Oeste do país, por diversas características da planta.
Essa é uma planta rica em nutrientes, com hábito de crescimento decumbente, bom enraizamento e alta taxa de produção de folhas. Apresentam também elevada formação de palhada, além de ajudar na descompactação do solo.
Conclusão
As plantas de cobertura auxiliam os produtores rurais no manejo mais eficiente da sua lavoura, proporcionando melhores índices produtivos à cultura principal e melhorando a dinâmica física, química e microbiológica do solo.
Saiba mais sobre a importância da rotação de cultura neste outro artigo do nosso blog!
Diante dessas possibilidades, o uso de plantas de cobertura no sistema de plantio direto pode garantir mais produtividade nas lavouras e resultados mais favoráveis. Que tal começar a implementar essa estratégia em sua propriedade?
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Referências
Excelente artigo! As plantas de cobertura são poderosos aliados numa agricultura sustentável!