CEOs do agronegócio estão confiantes em relação ao futuro do setor

CEOs do agronegócio brasileiro estão otimistas com a produção agrícola em 2023, apesar das adversidades do setor.

Levantamento feito pela 26ª Global CEO Survey – pesquisa realizada pela PwC Research, hub global de excelência em pesquisa e serviços de consultoria – mostra que os executivos do agronegócio brasileiro estão otimistas em relação à produção agrícola nacional em 2023.

A pesquisa aponta que 78% dos CEOs do agronegócio estão extremamente confiantes com o crescimento da receita de suas empresas nos próximos 12 meses. Se for levado em conta o triênio, o índice de confiabilidade cai um pouco e chega a 70%.

O otimismo demonstra, mais uma vez, a força do Brasil no agronegócio, afinal, existem algumas adversidades enfrentadas pelo setor neste momento. Uma delas, evidentemente, é a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, uma vez que o conflito evidenciou a necessidade de o Brasil não depender de um ou poucos mercados para importar fertilizantes.

A partir disso, como observado na pesquisa, executivos passaram a conter gastos com custos operacionais e buscar fornecedores alternativos. Já diante das pressões econômicas de curto prazo, os CEOs do agronegócio adotaram medidas para cortar custos e aumentar preços. Cerca de 60% dos respondentes, inclusive, já estão mapeando outros fornecedores, enquanto 68% já reduziram custos operacionais.

A pesquisa também demonstra que o aumento dos preços agrícolas foi a solução encontrada por 43% dos CEOs, enquanto a diversificação de produtos foi a alternativa adotada por 40% dos executivos. As contratações em empresas do setor foram congeladas em 23% no Brasil.

“A pesquisa anterior era muito mais otimista, nesta existe uma perspectiva de retração motivada por questões de inflação, conflitos geopolíticos, questões envolvendo cadeias de abastecimento, mudança climática para os próximos 12 meses. Isso trouxe insegurança, mas os CEOs brasileiros entendem que há capacidade de crescimento durante o ano”, explicou o sócio e líder da área de Agribusiness da PwC, Maurício Moraes.

Transição energética e descarbonização

Moraes também avalia que a transição energética, a substituição por matrizes mais limpas e ecológicas e a agenda da redução de emissão de carbono estão entre as tendências que motivarão os investimentos para este e para os próximos cinco anos.

De acordo com o levantamento, 38% dos executivos afirmam que já concluíram a implementação de ações para reduzir a emissão de carbono, enquanto outros 43% estão com esse processo em andamento.

“Cada vez mais, percebemos que o consumidor está olhando para como as organizações estão tratando o meio ambiente, de como é o processo produtivo, por isso a importância de se trabalhar o ESG dentro da companhia para que haja uma conexão entre estratégias e ação sustentáveis. O tema que mais está em pauta é a descarbonização e é o grande desafio dos CEOs hoje de ter que investir em algo para daqui dez anos, pensando no futuro”, defendeu.

Moraes lembra, ainda, que fatores de instabilidade, como o clima, exigem cautela. “O agro é muito impactado por questões climáticas, por isso um tema importante para ser trabalhado pelos CEOs é a transição energética, que já vinha sendo apurado, antes mesmo da realização da pesquisa. As companhias estão querendo saber para investir”, disse.

Justamente por isso, CEOs apontaram o trabalho colaborativo com universidades, startups, associações e até outras empresas como uma solução para desenvolver ações e ferramentas pautadas pela agenda socioambiental, sendo as estratégias de ESG (Ambiental, Sustentabilidade e Governança – tradução em português) um ótimo exemplo.

“Nossa experiência no desenvolvimento e aplicação de estratégias ESG mostra que as organizações são mais capazes de gerar lucro e ao mesmo tempo exercer impacto social positivo quando encaram a construção de parcerias e ecossistemas com rigor e profundidade. Os CEOs precisam vincular suas organizações a uma identidade e uma área de foco ESG antes de formalizarem seu compromisso”, destacou.

A pesquisa 26ª Global CEO Survey envolveu mais de 4,4 mil executivos, em 105 países, com uma participação recorde de líderes do Brasil. O principal objetivo da iniciativa foi mapear as perspectivas dos CEOs sobre crescimento, ameaças, prioridades estratégicas e investimento de diversos setores, entre eles o agronegócio.

Conclusão

Em meio às adversidades ocasionadas, sobretudo, pela guerra entre a Rússia e Ucrânia e pelos efeitos climáticos, o setor agro enfrenta desafios no mundo todo. No entanto, por conhecerem a potência da produção agrícola brasileira, CEOs estão otimistas em relação ao futuro.

Como demonstra a 26ª Global CEO Survey, no entanto, todos concordam que esse é um momento em que as iniciativas devem buscar a produção com equilíbrio ambiental, algo já proposto pela Agricultura de Precisão (AP). Nesse cenário, portanto, torna-se cada vez mais importante utilizar as técnicas e ferramentas oferecidas pela AP, pois dessa forma o produtor aumentará sua produção e, ao mesmo tempo, reduzirá os impactos ambientais.

A pesquisa, portanto, é mais um reforço da importância de se pensar uma nova agricultura, pautada no uso de insumos de maneira otimizada e na ciência de que cada área de uma propriedade tem suas próprias necessidades e características e, por isso, deve ser tratada a partir dos conceitos de Agricultura de Precisão, pois somente assim terá todo o seu potencial utilizado.  

Leia também: PIB agropecuário: Previsão de crescimento de 11,6% para 2023

Fontes:

Globo Rural

Jornalista, mestre em Tecnologias, Comunicação e Educação, revisor e redator freelancer. Atua como repórter e assessor de imprensa e já publicou dois livros como autor independente. Tem interesse por cinema, literatura, música e psicanálise.

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