Cana-de-açúcar: produtividade, números e perspectivas

Com mais de 8 milhões de hectares dedicados à produção da cana-de-açúcar, o Brasil é, atualmente, o maior produtor de álcool e açúcar do planeta. Além disso, o país ocupa a primeira posição na produção de cana, à frente da Índia, da China e do Paquistão. O estado de São Paulo é responsável por mais da metade da cana produzida pelo país, além de quase metade do etanol e quase dois terços do açúcar.

Esta cultura tem papel de destaque na agricultura brasileira desde o período colonial e, com o passar dos anos, ganhou cada vez mais destaque na economia do país.

Um acontecimento história bastante marcante, por exemplo, foi a criação do Proálcool (Programa Nacional do Álcool), nos anos 1970. Depois disso, a produção de cana ganhou um novo patamar no país, com crescimento acelerado na produção desta cultura, principalmente a partir do ano de 1975.

Nos anos 80, o aumento da produção de cana-de-açúcar no país fez com que surgisse um estímulo da indústria automobilística para a produção de veículos a álcool, o que fez com que as vendas internas passassem de 283 mil para 699 mil automóveis por ano entre 1980 e 1986.

Além da adoção do combustível hoje conhecido como etanol como alternativa à gasolina, o Proálcool também propôs a adição de 22% de etanol anidro à gasolina, substituindo o chumbo tetraetila, que era utilizado até então. Atualmente, a mistura de etanol à gasolina é feita na proporção de 25%.

Já na década de 1990, o açúcar brasileiro ganhou um espaço maior no mundo e, assim, sua participação no mercado internacional saltou de 8% para 30%.

Hoje, cinco décadas depois da implantação do Proálcool, a cana se tornou ainda mais indispensável para a economia brasileira. Prova disso é que o país produziu 36 toneladas de açúcar no ano-safra 2021/2022, maior volume mundial. O segundo lugar ficou com a Índia, com 34,7% milhões.

Cenário atual da produção de cana-de-açúcar

Apesar de ter registrado queda na safra 2021/2022 em relação à 2020/2021, o Brasil se mantém como o maior produtor mundial de cana-de-açúcar. De acordo com números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foram colhidos 592 milhões de toneladas na safra 2021/2022, volume com 62 milhões de toneladas a menos que o da safra 2020/21.

Nesta safra foram plantados 8.234 mil hectares, uma queda de 4,3% em relação à temporada anterior. A diminuição da área foi impulsionada por fatores como a concorrência dos cultivos de soja e milho e a queda na produtividade.

Estimativa da Conab aponta que serão produzidos, em média, 71.821 kg/ha, um rendimento 5,5% menor em relação ao ciclo anterior.

A queda foi motivada por efeitos climáticos, sobretudo a estiagem durante o ciclo produtivo das lavouras e as baixas temperaturas registradas em junho e julho, quando foram registradas até mesmo geadas em diversas áreas de produção, localizadas, principalmente, nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Na região Sudeste, segundo a Conab, houve redução de 6,6% na área a ser colhida, enquanto no Centro-Oeste, o número caiu em 3,2% e no Nordeste, em 1,9%. Norte e Sul apresentaram crescimento, de 7,5% e 0,2%, respectivamente.

Como consequência, o país também registrou queda na produção de etanol (10,8%) e de açúcar (10,5%), o que elevou o preço desses dois produtos.

Para a safra 2022/2023, a expectativa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) é que os resultados sejam melhores que os alcançados na última safra, encerrada no dia 31 de março.

Isso porque a previsão é de um quadro climático muito mais favorável que o do ano passado. Na prática, isso aumentaria o volume de produção de cana-de-açúcar no país e abaixaria o preço do etanol. Já em relação ao açúcar, as perspectivas não são tão boas, sendo, inclusive, classificadas como “pouco favoráveis” pelo Cepea, devido aos altos custos de insumos importados, taxa de câmbio e outras variáveis macroeconômicas.

Custos de produtividade da Cana-de-açúcar

Apesar da expectativa para melhores resultados na safra 2022/2023, os produtores enfrentam um aumento no custo de produção da cana-de-açúcar, especialmente por conta dos efeitos climáticos do ano passado e do confronto entre a Rússia e a Ucrânia. Por conta disso, o produtor deve se atentar às possíveis estratégias de lucratividade e fazer constante planejamentos, inclusive em relação ao momento de comprar insumos.

Outro aspecto que deve ser levado em conta – este já na vida do produtor há algum tempo – é a utilização da tecnologia em benefício da produtividade.  Nesse contexto, a agricultura de precisão é uma grande aliada do produtor, já que é capaz de proporcionar resultados cada vez melhores em todas as etapas da produção, desde o plantio até a colheita. Exemplo disso é o plantio em linhas paralelas, responsável por inúmeros benefícios à produtividade desta cultura, desde melhor aproveitamento da área até aumento da qualidade da cana produzida.

Infográfico sobre a safra de Cana-de-açúcar
Imagem: Valor Econômico

Saiba como mensurar as falhas de plantio em cana-de-açúcar e garantir maior rentabilidade em nosso artigo.

Conclusão

A cana-de-açúcar desempenha um importante papel na economia brasileira, tanto na produção de álcool quanto na produção de açúcar. Hoje o país é referência mundial nessa cultura e tem espaço para crescer ainda mais, apesar de algumas dificuldades que enfrenta atualmente, como o aumento nos custos de produção.

Para driblar esses desafios, cabe ao produtor utilizar a criatividade, o conhecimento técnico e as novas tecnologias (como a agricultura de precisão) para alcançar resultados cada vez melhores.

Fontes consultadas

Agência Embrapa

Conab

Canal Rural

Estadão

Governo Federal

Globo Rural

Instituto de Economia Agrícola

Nova Cana

UOL

Jornalista, mestre em Tecnologias, Comunicação e Educação, revisor e redator freelancer. Atua como repórter e assessor de imprensa e já publicou dois livros como autor independente. Tem interesse por cinema, literatura, música e psicanálise.

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