Café tipo robusta ganha mais espaço no mercado

Diante da recente queda na demanda por cafés de alta qualidade registrada pelo relatório mensal da Organização Internacional do Café (OIC), o robusta tem se tornado uma excelente opção para os produtores, uma vez que os compradores do grão estão em busca de preços mais baixos e boas margens de lucro.

Nesse cenário, o café robusta tem sido o único tipo a apresentar volumes maiores negociados na safra 2022/23 se comparado às três temporadas anteriores, o que, na prática, pressionou os preços do arábica e tornou a diferença entre a precificação dos dois tipos a menor desde outubro de 2020.

“A arbitragem, medida entre os mercados futuros de Londres e Nova York, contraiu 22,6% para 50,31 centavos de dólar por libra-peso em junho de 2023, quando a taxa de crescimento dos robustas ultrapassou o mercado de Nova York”, diz o documento divulgado pela Organização Internacional do Café (OIC).

O atual cenário também indica preocupação do mercado internacional com a oferta no Brasil, no Vietnã e na Indonésia. “Em maio, cerca de 90% da safra atual do ano cafeeiro do Vietnã já havia sido vendida, enquanto a oferta do Brasil, o segundo maior produtor dos robustas, é significativamente menor do que no passado recente”, destaca a OIC.

Outro fator que tem beneficiado o robusta diz respeito ao fato de que a bolsa de Londres acaba de atingir recorde de preço em 15 anos. Dentre os fatores que contribuíram para isso estão os aumentos das taxas de juros e os altos custos dos empréstimos na Europa e nos Estados Unidos, o que resultou em uma mudança na busca de compradores para cafés mais baratos, se concentrando em origens mais competitivas.

Exportações

O relatório da OIC ainda indicou que as exportações de cafés suaves colombianos caíram 7,2% em maio, enquanto os embarques de naturais brasileiros (cafés colhidos e secos corretamente, considerados tipos de arábicas de alta qualidade mais negociados no mercado) caíram 14%.

Desde outubro, quando começou a safra do café 2022/23, as exportações brasileiras dos naturais caíram 9,8%, ao passo que as exportações de grãos robusta aumentaram 6,8% em maio. Segundo o relatório da OIC, em maio deste ano, as exportações de café da América do Sul caíram 11,5%, para 3,47 milhões de sacas, impulsionadas pelas três principais origens, Brasil, Colômbia e Peru, que viram suas exportações combinadas caírem em 12,29%.

Novas variedades

O café robusta também tem se destacado por conta do surgimento de novas variedades. Recentemente, por exemplo, uma variedade criada em Rondônia tem conquistado bastante espaço no mercado brasileiro.

Em 2023, a produção de café em Rondônia (segundo maior produtor brasileiro de café da espécie canéfora, que inclui o conilon e o robusta) está estimada entre 3,1 milhões e 3,4 milhões de sacas, conforme projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da consultoria StoneX, respectivamente.

A última estimativa da Conab, divulgada no mês passado, aponta para um aumento de produção no Estado na atual safra de quase 12% em relação à temporada 2022.

Aumento no consumo

Uma boa notícia para os produtores é que, de acordo com a Organização Internacional do Café, o consumo mundial da bebida cresceu 1,7% no mundo em 2023 se comparado a 2022. O maior crescimento foi observado na Europa (6%).

Arábica e robusta

Dentre as mais de cem espécies de café existentes no mundo, a arábica e a robusta são as mais comercializadas. O arábica é o líder de mercado e corresponde, atualmente, a mais de 60% da produção de café mundial, o que se deve à sua complexidade de aromas e ao seu sabor mais adocicado, com 50% menos cafeína do que o robusta.  Os cafés denominados especiais, também chamados de gourmet, são produzidos a partir de grãos arábica e incluem variedades como bourbon, catuaí, obatã e mundo novo.

Já o café da espécie é conhecido, principalmente, pela variedade conilon e tende a ser um mais amargo e marcante. É uma espécie mais resistente a pragas e doenças e, diferente do arábica, não precisa ser cultivado em regiões de alta altitude. Assim, o robusta tem um custo de produção mais baixo e, consequentemente, um preço mais acessível.

No Brasil, os cafés mais consumidos são, em sua maioria, uma mistura (blend) dessas duas espécies, o que resulta em um café de qualidade razoável a um custo mais baixo quando comparado com os cafés especiais 100% arábica.

café

Conclusão

Produtores de café robusta têm, nesse momento, uma grande oportunidade, uma vez que esse tipo de grão está sendo bastante procurado por compradores, sobretudo por conta da recente queda na demanda por cafés de alta qualidade registrada pelo relatório mensal da Organização Internacional do Café (OIC).

A situação, portanto, é oportuna para esses produtores e pode aumentar – e muito – os seus lucros. O momento evidencia a necessidade de os produtores (não apenas de café, mas de todos os tipos de cultura) se manterem atualizados em relação ao que acontece no mercado e atentos a novas oportunidades.  

Confira também: Rastreabilidade de alimentos: quais os benefícios para os produtores e consumidores?

Fontes

Globo Rural

Folha de S. Paulo

 Notícias Agrícolas

Valor Econômico

Safras

Jornalista, mestre em Tecnologias, Comunicação e Educação, revisor e redator freelancer. Atua como repórter e assessor de imprensa e já publicou dois livros como autor independente. Tem interesse por cinema, literatura, música e psicanálise.

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