Além de ser uma das culturas mais populares no Brasil, a soja é também uma das que utiliza mais bioinsumos em seu manejo. Nos últimos anos, com o desenvolvimento do uso desta alternativa em larga escala, viu-se crescer o índice de fazendas que têm nos bioinsumos grandes aliados.
Como bônus, essa estratégia sustentável, além de ajudar no controle biológico de pragas e doenças, também mostra grande eficiência na fixação de nitrogênio. Neste artigo, vamos te mostrar o que são bioinsumos, a aderência destes para a cultura da soja e as principais razões para a popularização do uso dessa técnica.
O que são bioinsumos?
É considerado bioinsumo todo produto de origem, processo ou tecnologia biológica, ou seja, todos aqueles que contém matéria prima de origem animal, vegetal ou microbiana. O uso desses produtos no campo é muito diverso e o sucesso pode ser percebido em sistemas florestais, agrícolas, pecuários e aquáticos.
O termo “bioinsumos” passou a ser usado oficialmente em maio de 2020, com o lançamento do Programa Nacional de Bioinsumos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Contudo, práticas de controle, fertilização e muito mais de forma biológica já fazem parte da história da humanidade, como na experiência chinesa com as plantações de laranja, quando foram usadas formigas, inimigas naturais de algumas pragas, para o controle de insetos, há 1.000 a.C. Na cultura da soja, entre os anos 1980 e 1990, os biológicos foram usados para o manejo da lagarta Anticarsia gemmatalis.
Os principais tipos de bioinsumos são:
- biofertilizantes;
- bioacaricidas;
- bioinseticidas;
- biofungicidas;
- produtos fitoterápicos;
- inoculantes.
Eles podem tanto ser feitos a partir de substâncias químicas naturais, como aleloquímicos e feromônios, quanto de grupos macro – insetos, ácaros, nematóides – e microbiológicos – fungos, bactérias, vírus e protozoários.
O uso de bioinsumos na cultura de soja
A cultura de soja é uma das principais responsáveis pelo crescimento do uso de bioinsumos no Brasil, tanto que a história desses produtos se confunde com a história do desenvolvimento da soja brasileira. A Embrapa Soja, um dos principais órgãos que conduz pesquisas para o produto em território nacional, conta com estudos que mostram os benefícios do uso de bioinsumos ainda nos anos 1970, com o isolamento do nucleopoliedrovírus da Anticarsia gemmatalis (AgMNPV) para o controle da lagarta que assolava plantações no país.
Este ano, a Embrapa Soja lançou o manual “Bioinsumos na cultura de soja”, um estudo completo com mais de 500 páginas que explora as mais diversas possibilidades sobre o tema e que contou com importantes pesquisadores vinculados à universidades e órgãos especializados de todo país.
Neste material, um dos esforços foi a classificação do mercado de bioinsumos no Brasil, tomando como marco inicial o ano de 2005, quando foi registrado o primeiro agente de controle biológico no país.
Mundialmente, os bioinsumos já eram registrados antes de 2005, mas especialmente no final dos anos 1990 o crescimento desses produtos disponíveis no mercado foi significativo, como é possível ver no gráfico abaixo, que mostra a criação e de novos produtos, biológicos (em azul) e convencionais (em laranja) introduzidos no mundo a cada ano:
No gráfico, é possível observar que o surgimento de produtos biológicos cresceu, ao passo que os convencionais tiveram cada vez menos diversidade de insumos. Esse movimento pode ser justificado pela eficiência dos bioinsumos quando o assunto é a durabilidade de recursos não-renováveis no longo prazo, pois o manual do Embrapa Soja mostra que absorção de fósforo (P), por exemplo, em solos nos quais são utilizados bioinsumos cresce proporcionalmente ao tempo de uso.
Já sobre os produtos biológicos de controle usados no Brasil, é possível observar que os mais comuns são os inseticidas, que representam 51% do total. Abaixo, é possível ver a parte que cabe aos biofungicidas (17%), bionematicidas (14%) e outros:
Fonte: Embrapa Soja – Bioinsumos na cultura de soja, 2022, p. 44.
No gráfico de barras, é possível ver também como têm aumentado, ao longo dos anos, a diversidade de segmentos de bioinsumos produzidos. A projeção é que esse número cresça ainda mais, estimulado – para além dos resultados mais sustentáveis e de potencialização nos resultados de desenvolvimento das plantas – pela alta dos insumos convencionais, reflexo no contexto político e econômico do país do qual o Brasil mais importa o produto: a Rússia. Abaixo, é possível ver uma perspectiva para os próximos anos:
A popularização dos bioinsumos em muito se deve às culturas de soja, visto que esta é a principal consumidora dos produtos do gênero. Aqui vale lembrar que a soja é a cultura mais popular do Brasil, tanto em extensão quanto na participação na economia do país. Essa premissa, portanto, se estende para o uso de bioinsumos, como é possível ver abaixo no gráfico de pizza que mostra a participação das culturas no uso dos produtos inoculantes de origem biológica:
Vantagens, desvantagens e cuidados no manejo de bioinsumos
Antes de optar pelo uso de bioinsumos, o produtor deve levar em consideração as vantagens e desvantagens da prática. Por isso, separamos algumas delas abaixo:
Vantagens:
- Menor impacto ambiental, o que é importante quando consideramos os compromissos do agro brasileiro com as Orientações para o Desenvolvimento Sustentável (ODS’s) da ONU;
- Redução do uso de produtos químicos, que podem perder a efetividade a longo prazo;
- Menor risco na segurança do manejo, pois os bioinsumos têm baixa toxicidade;
- Redução dos custos de produção, especialmente se consideramos que os insumos convencionais são os principais itens responsáveis por puxar para cima o valor que o produtor deve despender para produzir bem. Em relação à eles, os bioinsumos podem ser até 95% mais baratos;
- Fortalecimento da economia nacional, visto que a maioria dos insumos convencionais precisam ser importados e são negociados de acordo com a cotação do dólar.
Desvantagens:
- Por terem origem biológica, o prazo de validade desses produtos é menor. Por isso, é preciso planejamento para não perder o investimento;
- Exigem mais cuidado de armazenamento e dependem de estruturas adequadas de transporte e armazenamento. Do contrário, sua eficiência pode ser comprometida;
- São pouco tolerantes à exposição ao sol e às altas temperaturas, especialmente os produtos inoculantes. Esses fatores podem matar os microrganismos que são o princípio ativo dos bioinoculantes, por exemplo.
Além de considerar as vantagens e desvantagens, essa alternativa sustentável também demanda alguns cuidados especiais. Em primeiro lugar, é preciso utilizar somente produtos autorizados pelo Mapa, que garante a origem e eficiência. Também é preciso estar atento ao prazo de validade e as condições de armazenamento, transporte e manipulação, que devem seguir as orientações do fabricante. O produtor também precisa observar as condições climáticas, seguir as instruções de dosagem e, no caso de inoculantes, levar em consideração que a semeadura deve ser feita no dia da inoculação.
Conclusão
Sem dúvida, o crescimento do uso de bioinsumos na cultura de soja não é sem razão: além de se mostrar eficaz numa das principais pragas que desafia o produtor – que, no caso, são as lagartas – é também uma alternativa sustentável e mais barata. Além disso, os órgãos científicos especializados em soja têm produzido cada vez mais pesquisas para a área, dando mais segurança ao produtor e mais variedade de produtos desse segmento.
Os resultados das últimas pesquisas mostraram que o uso de bioinsumos na cultura de soja, mesmo em larga escala, deve crescer muito nos próximos anos e, por isso, é importante se manter atualizado.
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Fontes:
Bioinsumos na cultura de Soja – Embrapa Soja
Crop Life – Classificação dos produtos biológicos
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