Apesar das dificuldades impostas pelo confronto entre a Rússia e a Ucrânia no que se refere ao acesso aos insumos, o Brasil alcançou resultados expressivos no setor agropecuário ao longo de 2022. Os resultados, por outro lado, tendem a ser mais positivos no ano que se inicia, uma vez que os preços de defensivos e fertilizantes têm apresentado queda nos últimos meses.
Foi justamente a alta nesses produtos que resultou na queda de 4,1% do PIB (Produtor Interno Bruto) do agronegócio em 2022, como lembrou a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). “Também contribuíram para pressionar o PIB para baixo as reduções de produção em atividades importantes, como soja e cana-de-açúcar”, destaca a entidade.
Já o Valor Bruto da Produção deve alcançar R$ 1,3 trilhão em 2022, o que representa crescimento de 2,2% em relação ao ano anterior.
No ramo agrícola, o resultado é ainda mais positivo: a receita deve subir 3,3% em relação a 2021, alcançando R$ 909,3 bilhões. Na pecuária, a previsão para este ano é de estabilidade, com aumento 0,1%, alcançando R$ 448,5 bilhões.
As principais cadeias que mais influenciam no Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) são a soja, a carne bovina e o milho, que, somados, representam 58,4% do total.
No comércio exterior, de janeiro a novembro de 2022, as exportações brasileiras de produtos agropecuários somaram US$ 148,3 bilhões, superando em 23,1% o total vendido em todo o ano de 2021, de US$ 120,5 bilhões. Nos onze primeiros meses de 2022, o agro respondeu por 48% de todas as vendas externas do país.
Expectativas para 2023
Apesar das boas notícias para o produtor rural que surgiram no fim de 2022, como a queda nos preços de insumos agrícolas e a regulamentação da Política Nacional de Incentivo à Agricultura e Pecuária de Precisão, 2023 também será marcado por desafios. “A taxa Selic deve se manter elevada no próximo ano, acarretando mais custo para o crédito para consumo, custeio e investimento. E o crédito privado deve se consolidar como alternativa para o produtor financiar sua produção nas próximas safras”, afirma a CNA.
Para o cenário internacional, as expectativas são de desaceleração do PIB mundial, o que, na prática, tende a influenciar o comportamento das exportações brasileiras e o crescimento econômico de alguns dos principais parceiros comerciais do Brasil, como a China, os Estados Unidos e a União Europeia. Vale lembrar também que o confronto entre a Rússia e a Ucrânia continua e pode causar novos impactos ao mercado.
“Neste contexto, o comércio agrícola deve seguir a mesma linha, crescendo a níveis menores do que em anos anteriores em razão do crescimento mais lento das importações da China, a retomada econômica mundial em função da pandemia de Covid-19 e o conflito entre Rússia e Ucrânia e seus impactos – aumento preço insumos, crise energética, redução da oferta de grãos”, diz a CNA.
Por outro lado, a CNA enxerga 2023 como um ano de muitas oportunidades para o Brasil, uma vez que deve haver aumento nas importações e no consumo mundial de soja, além de uma intensificação do projeto Agro.BR, que visa internacionalizar produtos como mel, pescado e frutas e dar mais espaço a pequenos e médios produtores.
“A CNA também espera o avanço de acordos comerciais e vai monitorar e subsidiar o governo para evitar prejuízos aos produtores rurais brasileiros na questão das diligências devidas, com atenção especial para os mercados dos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia”, completa a entidade.
Setor de grãos
A Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA também fez um balanço de 2022 e apresentou as prioridades para 2023. Segundo o presidente da Comissão, Ricardo Arioli, o trabalho realizado ao longo de 2022 foi pautado, sobretudo, na redução da insegurança jurídica do setor, levantamento de subsídios técnicos para abertura de mercados, e a promoção e fomento de diferentes culturas.
Para 2023, os principais objetivos incluem o fomento à cultura do trigo, a estruturação da cadeia de feijão e pulses e a promoção da melhoria contínua e da gestão ambiental das propriedades rurais.
Conclusão
O ano de 2022 foi repleto de desafios para o produtor rural. Por outro lado, o setor agro mostrou, mais uma vez, toda a sua potência e se manteve como uma das principais atividades econômicas do país. No comércio exterior, por exemplo, de janeiro a novembro de 2022, o valor das exportações de produtos agropecuários superou o total vendido em todo o ano de 2021.
A situação deve melhorar em 2022, afinal, o valor dos insumos agrícolas tem apresentado queda, o Governo Federal sancionou a Política Nacional de Incentivo à Agricultura e Pecuária de Precisão, as importações e o consumo mundial de soja devem registrar aumento e projeto Agro.BR tende a ser intensificado.
Por conta de tudo isso, fica evidente que mesmo em meio a tantas adversidades, o setor agro permanece forte e essencial para a economia brasileira. Ao longo de 2023, seus resultados devem ser ainda mais expressivos, o que é benéfico não só para os produtores, mas para todo o país.
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