Baculovírus um aliado no controle de pragas na lavoura

Baculovírus têm excelente desempenho no combate a lagartas ao causarem doenças em insetos, principalmente nas lagartas.

Por ser bastante complexa, a agricultura exige que o produtor conheça as diversas formas de proteger a sua lavoura. Algumas delas passam por métodos biológicos de combate a pragas, sendo o uso do baculovírus um exemplo disso. 

Esses seres têm uma ou mais partículas do vírus que se encontram fora da célula hospedeira e uma característica tida como única: duas formas observáveis distintas, a depender de estarem dentro ou fora da célula hospedeira. Uma das formas é a extracelular (fora da célula hospedeira), conhecida como BV (budded vírus), enquanto a outra, conhecida como vírus ocluso, é responsável pela transmissão do vírus entre os demais insetos.

Na prática, os baculovírus podem ser um importante aliado de culturas como a soja e o milho porque são capazes de se multiplicar nas células dos insetos hospedeiros e, assim, serem transmitidos para outros insetos.  

Há de se ressaltar, no entanto, que existem diversos tipos de baculovírus, sendo cada um indicado para uma situação específica. Para controlar a lagarta-da-soja, por exemplo, o baculovírus anticarsia é o mais indicado. Já para combater a lagarta-do-cartucho, responsável por sérios danos ao milho, baculovírus spodoptera é a opção mais utilizada. 

Outros baculovírus bastante usados são o baculovírus erinnyis (desenvolvido para o controle do mandarová da mandioca) e o baculovirus condylorrhiza (utilizado no controle da lagarta do álamo). 

Vale destacar, no entanto, que a utilização dos baculovírus deve ocorrer com cautela, de modo que o produtor rural esteja ciente da forma adequada de utilizá-los, além de entender os seus benefícios e limitações. 

O primeiro ponto a ser levado em conta é que os baculovírus afetam especificamente o seu hospedeiro, na maioria dos casos, lagartas. Ou seja, inimigos naturais de pragas e doenças presentes no local de cultivo não serão afetados. Outras vantagens são facilmente observadas: são inofensivos à saúde humana e animal, têm fácil formulação e aplicação e apresentam controle efetivo a custos reduzidos. 

Por outro lado, os baculovírus atuam apenas em um pequeno grupo ou único organismo alvo. Dessa forma, para o controle das demais pragas continua sendo necessário usar outros inseticidas. Outra questão pertinente é que a aplicação requer alguns cuidados especiais. Além disso, os baculovírus são eficientes apenas quando há ingestão do produto pelas lagartas. 

Ciclo de vida da largata com Baculovírus

Aplicação

Existem diversas recomendações no momento de aplicar os baculovírus. O primeiro deles leva em conta o fato de que as lagartas da soja se alimentam à noite, por isso as pulverizações com produtos a base de baculovírus devem ser feitas apenas após as 16h, o que também evita a exposição prolongada aos raios ultravioleta, capazes de inativar o vírus. 

Também há restrições da produção em massa do microrganismo, uma vez que ele é produzido a partir do inseto vivo.

Outro aspecto pertinente envolve os cuidados na aplicação de baculovírus. Nesse sentido, vale destacar que quando a infestação for muito alta, acima do nível de controle recomendado, há redução da eficiência do produto. 

Vale ressaltar, também, que a aplicação de baculovírus na soja não é recomendada quando o percentual de desfolha for superior a 30% até o período final da floração ou quando a desfolha for maior que 15% após o início do desenvolvimento das vagens.

Além disso, as condições climáticas também devem ser observadas.  Quando houver níveis altos de infestação no início do desenvolvimento da cultura, coincidindo com períodos de estresse hídrico, o produto não deve ser aplicado.

Fabricação 

Quando o inseticida à base de baculovírus for fabricado na fazenda, é fundamental seguir alguns cuidados rigorosos. No caso de dose correspondente à aplicação em um hectare, o passo a passo a seguir deve ser seguido à risca: entre 7 e 10 dias após a aplicação de baculovírus na área de cultivo, colete 50 a 70 lagartas mortas (correspondente a 20 gramas do inseticida) pelo microrganismo; congele as lagartas e as mantenha assim até a sua utilização; macere as lagartas congeladas (em quantidades maiores de produto, utilize o liquidificador, quando disponível) e filtre a solução resultante. A solução resultante pode ser congelada imediatamente após a trituração, mas a calda elaborada com adição da solução e da água não pode ser reaproveitada. Já a quantidade de solução filtrada deve ser diluída em 200 litros de água, correspondente ao volume de água recomendado para aplicação.

Para a aplicação, podem ser utilizados pulverizadores de barra, canhão e avião, desde que o volume da calda não seja inferior a 100 litros. Em geral, a solução aplicada leva de 7 a 9 dias para matar as lagartas.

Conclusão

Existem muitas formas de lidar com problemas enfrentados nas lavouras, como as pragas. O controle biológico é um importante aliado do produtor, sendo o uso de baculovírus um ótimo exemplo disso.

Esse vírus é bastante utilizado em culturas como a soja e o milho, já que são bastante eficientes no combate a lagartas. Por outro lado, a utilização dos baculovírus deve ocorrer de forma cuidadosa, pois somente assim os resultados desejados serão alcançados. Devem ser levados em conta, por exemplo, o horário de aplicação e a maneira correta de fabricar o inseticida.

Os baculovírus, vale lembrar, são inofensivos à saúde humana e animal, têm fácil formulação e aplicação e apresentam controle efetivo a custos reduzidos. Dessa forma, são uma forma eficiente de lidar com um problema que, se ignorado, pode diminuir de maneira drástica a produtividade de uma lavoura e, em alguns casos, até mesmo colocá-la em risco. 

Leia também: Soja: estádios fenológicos e práticas de manejo

Fontes

Blog Aegro

Embrapa

Jornalista, mestre em Tecnologias, Comunicação e Educação, revisor e redator freelancer. Atua como repórter e assessor de imprensa e já publicou dois livros como autor independente. Tem interesse por cinema, literatura, música e psicanálise.

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