Algodão: Recomendações de boas práticas agrícolas para a destruição de sobras

A destruição adequada das sobras de cultivo visa suprir a ruptura sanitária, estabelecida pela legislação adotada pelos estados produtores de algodão tem como objetivo reduzir populações de pragas (especialmente o bicudo) e fontes de inoculantes de doenças (especialmente ramularia) durante a entressafra. Com isso se tem uma redução dos danos à lavoura na próxima safra. Essa solução tecnológica consiste na recomendação de combinar a destruição mecânica, com equipamentos desenvolvidos exclusivamente para esse fim, com a destruição química das sobras da cultura do algodão, com o objetivo de eliminar a rebrota tanto de cultivares convencionais quanto de plantas oriundas de materiais com transgênicos para resistência a o herbicida glifosato. 

Atualmente, existem equipamentos que apresentam alta capacidade operacional com mínimo revolvimento do solo, o que possibilita a aplicação da técnica em áreas de plantio direto. A destruição mecânica permite a eliminação da maioria das plantas antes do início do intervalo sanitário, garantindo um longo período sem alimento para pragas e doenças. Porém, mesmo com a alta eficiência de destruição obtida, a eficiência do equipamento nunca chega a 100%, sendo necessário combiná-la com a destruição química utilizando o herbicida 2,4-D para controlar as plantas remanescentes após a destruição mecânica. 

A combinação das duas técnicas de destruição garante maior eficiência no controle das sobras da lavoura, eliminando bolsões de multiplicação de pragas e doenças.

Essa solução tecnológica foi desenvolvida pela Embrapa em parceria com outras instituições.

Veja, a seguir, algumas dicas para otimizar o cultivo e colheita de algodão em sua propriedade:

1. Faça a correção do solo

O solo brasileiro é tipicamente ácido, apresentando variações físico-químicas e biológicas, dependendo de cada região, e até mesmo variando de uma propriedade para outra. Essas características podem prejudicar o desenvolvimento do algodoeiro.

Sendo assim, a primeira medida a ser adotada pelo produtor é conhecer o solo e corrigi-lo, quando necessário. É fundamental analisar uma amostra para conhecer as suas características e identificar se a propriedade tem um solo médio, argiloso, mal drenado ou compactado.

Todas essas informações ajudam a definir quais serão as melhores estratégias para adequar a área de plantio. Além disso, indicam quais produtos devem ser utilizados e a quantidade adequada para corrigir a química do solo, disponibilizar nutrientes e controlar possíveis pragas e plantas daninhas antes mesmo de iniciar a semeadura.

2. Respeite o espaçamento adequado entre as mudas de algodão

Toda planta precisa de espaço para se desenvolver, e isso não é diferente com o algodoeiro. A superpopulação, em vez de aumentar a produtividade como alguns agricultores esperam, promove um efeito contrário, prejudicando o desenvolvimento.

As plantas vão competir entre si quando houver muitas na mesma área. Haverá disputa por nutrientes e luminosidade, o que vai prejudicar todas elas. Então, é fundamental respeitar o espaçamento adequado para o algodoeiro.

A recomendação geral é um espaçamento de 0,76 m a 0,90 m entre as fileiras. Em cultivos com 10 plantas/m², mais densos, o espaço recomendado é de 0,45 a 0,50 m. Quando são cultivadas variedades com porte maior, o ideal é não ultrapassar o limite de 8 plantas/m².

É válido ressaltar que, para trabalhar com cultivos mais densos, o ideal é que o solo seja fértil e o produtor dê preferência para as variedades de algodão com porte menor.

3. Escolha a época certa para plantio do algodão

Não existe um padrão que determine qual é a melhor época para plantio e colheita do algodão no Brasil. É preciso observar a incidência de chuvas em cada região, assim como o zoneamento. Além disso, a época pode variar de acordo com o sistema adotado por cada propriedade.

O mais usual é a semeadura em época normal (novembro e dezembro) e na safrinha (janeiro e fevereiro). No primeiro caso, teremos apenas uma safra no ano, mas com plantas que atingirão sua máxima produtividade. No segundo, a semeadura é feita após a colheita da soja.

É fundamental fazer o planejamento para realizar o plantio na época escolhida da melhor maneira possível. Quando não adotamos a melhor estratégia, há grandes chances de perdas na produtividade e, consequentemente, menor retorno para o produtor pela dificuldade de manejo da lavoura.

4. Faça o correto manejo fitossanitário

A cultura do algodão é bastante sensível às plantas daninhas. Além do impacto no desenvolvimento das plantas, a produtividade é muito afetada por diferentes espécies invasoras durante todo o ciclo.

Portanto, é indispensável fazer o manejo desde a pré-semeadura até nas primeiras semanas após a emergência das plantas de algodão. Isso porque o estádio inicial da cultura do algodão é muito impactado quando dividem espaços com plantas daninhas, afetando de forma drástica a produtividade no futuro.

Os herbicidas devem ser aplicados no pré-plantio, na pré e no pós-emergência da cultura. Os herbicidas são recomendados de acordo com a espécie presente na lavoura, pois dessa forma os resultados são mais efetivos e não comprometem o cultivo.

Além das plantas daninhas, a lavoura de algodão requer extrema atenção ao manejo de pragas e doenças. O bicudo-do-algodoeiro é a principal praga na cultura e traz sérios prejuízos na produtividade do algodão, mas outras espécies de pragas também podem afetar a lavoura, como a broca-da-raiz, o pulgão-do-algodoeiro, a mosca-branca, a lagarta-falsa-medideira, os ácaros, a mancha angular, a mancha de ramulária, e assim por diante.

Como o produtor precisa lidar constantemente com diversos desafios, é importante escolher corretamente os produtos que serão utilizados para o preparo do solo, das sementes e o cuidado com o algodoeiro, desde a sua germinação até a colheita do algodão.

O ideal é identificar adequadamente o problema e definir o momento certo de agir, optando pelo defensivo que tenha uma ação efetiva, especificamente naquela praga ou doença. No manejo de pragas, é fundamental escolher formulações que não reduzam a população de espécies inimigas daquelas que estão trazendo problemas.

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Fonte:

Embrapa

Gestor de Conteúdos - Sensix | Jornalista e Pós-graduando em Gestão de Agronegócios

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