Estudos demonstram panorama das agtechs neste ano abrem portas para análises sobre o futuro do setor
A tecnologia tem mudado a dinâmica do setor agro de forma tão rápida e acentuada que hoje novos termos passaram a fazer parte do dia a dia do produtor. Um exemplo recente são as agtechs (também chamadas de agritechs), empresas voltadas à produção de ferramentas tecnológicas capazes de contribuir com o aumento da produtividade e, ao mesmo tempo, com a redução aos impactos ambientais.
E toda essa popularidade das agtechs é mais do que merecida, afinal, enquanto todos os outros setores de startups tiveram queda na representatividade dos investimentos no Brasil em 2022, a representatividade das agritechs cresceu nada menos que 240% em comparação a 2021. Além disso, foi o terceiro setor que mais fechou rodadas, com 73, atrás apenas das fintechs (318) e healthtechs (96).
Segundo Francisco Jardim, sócio-fundador da SP Ventures, fundo de venture capital focado em agronegócio, a perspectiva para esse ano também é excelente. “As agtechs devem encerrar 2023 como os ativos mais resilientes dentro do ecossistema de tecnologia, com crescimento e acesso a capital”, afirmou.
Vários são os fatos que reforçam essa tendência, como os dados do Radar Agtech Brasil, mapeamento feito pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que aponta que o Brasil fechou 2022 com 1.703 agtechs, 8% a mais que em 2021, quando eram 1.574.
“A iniciativa permite gerar subsídios para as ações de fomento e incentivo ao empreendedorismo e inovação, além de estimular parcerias entre startups, com a Embrapa, com o setor produtivo agropecuário e os diversos componentes do ecossistema de inovação, gerando mais valor para o setor agrícola e a sociedade”, afirmou Tiago Ferreira, diretor de negócios da Embrapa.
Um dos principais destaques da edição 2022 é um inédito levantamento de gênero nas startups. A pesquisa identificou que menos de 30% delas estão sob o comando de mulheres. Do total, 520 têm, pelo menos, uma sócia em sua estrutura de comando.
“Enquanto o número de agtechs tende a estacionar ou diminuir, em decorrência de fusões, aquisições e consolidações, as agtechs fundadas por mulheres tendem a aumentar”, ressaltou Fabiane Astolpho, consultora da Homo Ludens e co-fundadora da Fruto Agrointeligência, consultoria de inovação com sede em Vinhedo (SP).
Ela, que é mestre em tecnologia para agricultura tropical formada pelo IAC (Instituto Agronômico de Campinas), fundou a agtech em 2018 e defende que são necessárias mais iniciativas de apoio às mulheres, especialmente em frentes de investimento e financiamento.
De acordo com dados do Radar Agtech, as mulheres ocupam mais cargos em empreendimentos que atuam no chamado “depois da fazenda”, como é o caso de setores como alimentos inovadores, rastreabilidade e mercearia. Nesse grupo são260 startups lideradas por mulheres, número que cai para 81 quando levadas em contas apenas as agtechs que atuam no “antes da fazenda”, em setores como crédito, insumos, marketplace, entre outros, e para 175 nas startups “dentro da fazenda”, que atuam com drones, telemetria e outros.
Localização
A Embrapa também demonstra que agtechs estão concentradas, sobretudo, na região Sudeste, com 61,4% do total. Pelo segundo ano consecutivo, São Paulo se mantém como o estado com maior número: são cerca de 800 startups de tecnologia voltadas ao agro que nasceram nesta região.
Em seguida aparecem Minas Gerais, com 154 startups, e Rio de Janeiro, com 69. Os únicos estados que ainda não possuem agtechs registrada no balanço são Acre, Alagoas e Rondônia. “O ecossistema de inovação agrícola nacional é cada vez mais complexo e abrangente, impulsionado pela participação significativa de startups e investidores”, destacou o presidente da Embrapa, Celso Luiz Moretti.
“A agricultura brasileira é movida à ciência e com ela enfrenta desafios como incorporação de tecnologias digitais, mudanças climáticas e novas soluções demandas por consumidores cada vez mais exigentes”, pontuou.
Futuro das Agtechs
Outra grande oportunidade para o setor é unir o campo às tecnologias que já ganharam espaço nos outros segmentos, especialmente as que estão em alta no momento, como a inteligência artificial.
Não por acaso, especialistas defendem que combinar a quantidade de dados obtida através da Agricultura de Precisão (AP) e entregar decisões mais assertivas aos usuários deverá fazer parte da receita perfeita para o crescimento do setor.
Conclusão
As agtechs conquistaram um importante espaço no setor agro, inclusive no que diz respeito aos aspectos econômicos, afinal, a representatividade desse tipo de startup no Brasil cresceu 240% em 2022 se comparado ao ano anterior. Além disso, o número de agtechs no país cresceu 8%, ao passar de 1.574 em 2021 para 1.703 em 2022, com destaque para a região Sudeste, que concentra 61,4% do total.
Em meio a esse cenário e à crescente importância da tecnologia para a produção agropecuária, a expectativa de especialistas é que as agtechs tenham um ano bastante promissor em 2023, repleto de crescimento, lucros e muita inovação.
Com essa previsão, o setor agro só tem a ganhar, uma vez que as agtechs trabalham diariamente no desenvolvimento de tecnologias capazes de aumentar a produtividade, facilitar o dia a dia dos profissionais do campo e reduzir os impactos ambientais.
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