Das ciências que propõem novos olhares e práticas sobre a produção agrícola brasileira e o meio ambiente como um todo, a agroecologia talvez seja a que mais se apega à natureza e à erradicação de agentes químicos nas lavouras do país.
Pautada em alguns conceitos básicos e determinadas estratégias produtivas, ela tem um papel fundamental no desenvolvimento de um setor alimentício mais sustentável –estando, inclusive, no centro de políticas governamentais e programas comunitários Brasil afora. E é disso vamos falar hoje aqui no blog!
A agroecologia e suas estratégias
A agroecologia existe para propor soluções aos grandes problemas gerados pela intensa produção agrícola (tanto no Brasil como no mundo), como desmatamento, uso de agrotóxicos, erosão e afins. Esse desenvolvimento sustentável é posto em prática através de algumas estratégias simples, mas essenciais.
Uma delas é a adubação orgânica. Não é segredo que a utilização de adubos químicos gera desequilíbrios no solo, nas plantas e na biodiversidade em larga escala, a ponto de matar micro-organismos que nos são indispensáveis. É aqui que a adubação orgânica entra como alternativa agroecológica, sendo capaz de conter e até reverter os efeitos negativos causados por agrotóxicos e outras substâncias.
O leque da adubação orgânica abrange alguns exemplos que você certamente conhece bem, como a adubação verde, a compostagem, a utilização de esterco e a aplicação de biofertilizantes –obtidos a partir do enriquecimento desse esterco com restos de folhas e outros elementos, incluindo leite, cinzas e micronutrientes.
A preparação do solo também é uma aliada da produção sustentável. Com ações como a descompactação (que, como você também decerto sabe, melhora a circulação de água e nutrientes entre as raízes de plantas) e a mobilização (quando a terra é revirada com o arado e outras ferramentas a fim de permitir uma melhor retenção de água), é possível preparar o substrato de maneira natural e com o menor número possível de riscos.
Mas de nada adianta falarmos em estratégias sem citarmos as vantagens que a agroecologia gera, não é? E não são poucas! Confira as cinco que separamos:
- Conservação e ampliação da biodiversidade de ecossistemas
Várias das estratégias agroecológicas foram projetadas para preservar e expandir a biodiversidade em lavouras e outras áreas rurais, sempre incentivando interações saudáveis entre o solo, animais e plantas. Assim, o ecossistema consegue se autorregular.
2. Utilização de espécies de plantas propícias para as condições locais
As plantas cultivadas por meio de estratégicas agroecológicas passam por um processo prévio de adaptação às condições locais do solo e do clima, o que reduz a necessidade de intervenção após esse cultivo –a exemplo de insumos químicos que acelerem o crescimento de espécies.
3. Criação de meios para a manutenção do solo
Com a eliminação do uso de agrotóxicos e outros agentes químicos, a agroecologia tenta melhorar as condições do solo em termos de fertilidade em práticas como adubação verde, rotação de culturas, cultivo em consórcio e faixas, controle de erosão e afins.
4. Garantia de uma produção sustentável
Através da adubação orgânica, de produtos minerais pouco solúveis (como calcário e fosfato de rocha) e do manejo responsável, a agroecologia auxilia na garantia de uma produção sustentável e que controla pragas e doenças de forma natural.
5. Diversificação das atividades econômicas na lavoura, reduzindo custos
Como as atividades econômicas na lavoura são mais integradas pela agroecologia, torna-se possível otimizar o uso de recursos produzidos internamente –e, assim, reduzir a compra de insumos e agentes externos. Isso tem outra consequência: estimula a independência do produtor!
A manutenção do solo é uma das muitas vantagens da agroecologia. Imagem: Reprodução/Imagem de jcomp no Freepik
A agroecologia vista na prática
Os efeitos positivos da agroecologia que listamos aqui podem ser vistos na prática em lavouras como a do Sítio Aroeira, em Catalão (GO), como informa esta reportagem publicada recentemente no Portal Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
O sítio se destaca pelo fato de que os produtores locais alternam no cultivo de milho e feijão com girassol, crotalária, gergelim e feijão-guandu a partir de estratégias mais naturais e com uso reduzido de insumos químicos. Na reportagem, eles explicam que passaram por um processo de transição agroecológica ao longo de quase dez anos –que trouxe não apenas economia financeira, como também menos trabalho de modo geral à plantação. Leia o texto completo (depois de terminar este artigo, claro)!
No centro de políticas de Estado
Considerando a relevância da agroecologia, não é à toa que existem políticas de Estado voltadas para incentivar a sua adoção em massa. É o caso da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, a Pnapo, instituída pelo Governo Federal em 2012.
Abrangendo instrumentos igualmente importantes, como o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo) –também conhecido como Brasil Agroecológico–, o objetivo da Pnapo é “integrar, articular e adequar políticas, programas e ações indutores da transição agroecológica, da produção orgânica e de base agroecológica, como contribuição para o desenvolvimento sustentável.” Você pode acessar o site oficial da política aqui.
Inciativas desse tipo, assim como as do Sítio Aroeira, resumem bem por que a agroecologia é tão essencial para o desenvolvimento sustentável no Brasil. São elas que trazem mais qualidade às nossas mesas (e às nossas vidas de modo geral) na forma de alimentos produzidos com recursos 100% naturais. Por aqui, terminamos este artigo com a mesma mensagem de sempre: ficamos na torcida para que ela se torne cada vez mais popular!
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