Agro sustentável garante qualidade e produtividade

Tecnologia, resultados e inovação: essas são as palavras que definem o agro sustentável. No entanto, a sustentabilidade ainda encontra muita resistência no campo, especialmente porque os produtores que seguem modelos tradicionais têm receio de aplicar práticas verdes. Ainda que o Brasil seja líder mundial em produção agrícola sustentável, a maioria das objeções ainda estão diretamente relacionadas ao temor de quedas na lucratividade e na produção.

Esse medo, contudo, tem se mostrado cada vez mais infundado, visto que produtores que optam por manejos menos agressivos têm obtido resultados excepcionais. Em alguns casos, como o das lavouras de alcachofra em algumas regiões do país, há aumento de 100% na produtividade se confrontada com a média de grandes produtores do Cinturão Verde paulista.

Mas o que é, na prática o agro sustentável, sua relevância, seus principais impactos na produção e as melhores estratégias para uma agropecuária mais verde? Preparamos esse artigo para sanar as principais dúvidas, desmistificar e auxiliar em um dos maiores desafios do milênio para o agronegócio.

O que é o agro sustentável?

Em poucas palavras, o agro sustentável é um sistema produtivo que busca o menor impacto ambiental e social possível. As técnicas usadas nesse sistema visam produzir mais e melhor, conservando, ao mesmo tempo, os recursos naturais e ajudando a manter boas condições de trabalho para todos que fazem parte de toda escala de produção.

Imagem simbolizando ideias sobre o agro sustentável
Fonte: Union Coop

É possível dizer que o agro sustentável pode ser dividido em três pilares principais: governança, ambiental e social. Esses pilares constituem uma das métricas mais importantes da atualidade, o ESG (Environmental, social, and corporate governance). O ESG é composto por uma série de definições que ajudam a medir o índice de responsabilidade de uma empresa com práticas ambientais, sociais e de governança. Vale lembrar que o ESG não é exclusivo do agronegócio e, pelo contrário, tem se mostrado como um dos principais critérios que levam os investidores a optar ou não por financiar um empreendimento.

Os aspectos analisados pelos investidores nos índices ESG são diversos e estão relacionados ao comportamento dos empreendimentos em relação ao aquecimento global, a emissão e geração de crédito carbono, a conservação da biodiversidade, o combate ao desmatamento, a responsabilidade no uso dos recursos hídricos, a gestão dos resíduos, o fortalecimento da economia regional, as condições de trabalho, a satisfação dos colaboradores, a conduta corporativa e muito mais.

Valores do ESG, pilares do Agro sustentável
Fonte: OAB São Paulo

Especificamente no setor agropecuário,  a agenda ESG é determinante para dar conta das demandas de stakeholders, que querem práticas eficazes e transparentes. Por isso, as principais tendências do setor são a parceria com fornecedores que adotam práticas verdes, a visibilidade e transparência de informações e a inovação e digitalização da produção.

Sustentabilidade no agronegócio: relevância e principais impactos

Não há dúvidas que a principal tendência para a agropecuária nos próximos anos é a sustentabilidade. A razão para isso é simples, mas desafiadora: contribuir para a segurança alimentar no mundo, levando em conta cenários como o crescimento populacional, a eventualidade de guerras, epidemias e muito mais.

Espera-se, de acordo com a projeção da ONU (Organização das Nações Unidas), que em 2030 a população mundial atingirá a marca de 8,6 bilhões de pessoas, número que deve continuar crescendo nas décadas seguintes.

O papel do Brasil é central para dar conta do desafio de garantir alimentação de qualidade para o todo mundo. Isso porque, até 2050, o país deve suprir 40% de toda a produção mundial de alimentos.

Por essa razão, pesquisadores e produtores brasileiros têm investido em tecnologia e, por isso, de acordo com o Ipea, o Brasil se tornou líder em produção agrícola sustentável. O país está no centro das práticas verdes, mostrando um desempenho acima da média baseado em tecnologia e ciência quando o assunto é a mitigação de emissão de gases de efeito estufa (GEE) ficando à frente de países como Argentina, Canadá, França, Alemanha, China, Índia e Estados Unidos.

Outro ponto que demonstra a importância do agro sustentável é a capacidade de reduzir os custos de produção e aumentar a qualidade do que é produzido. Isso é feito por meio de técnicas de melhoramento de solo, uso de biofertilizantes, controle biológico de pragas, doenças e nematóides, melhoramento genético e diminuição do uso de defensivos químicos, por exemplo. O resultado é uma produção maior e mais lucrativa e a possibilidade de atingir mercados que bonificam os produtores que fornecem produtos de alta qualidade.

No mercado, existe uma prática de pagamento pela documentação de certificação de comércio justo e produção verde, pois a produção sustentável pode ser mais onerosa em alguns casos. É possível dizer, por fim, que produtos verdes têm maior valor agregado, pois há uma lógica que justifica um preço mais elevado por um produto cuja manufatura se dá de forma mais consciente.

Como aderir às práticas verdes para uma produção agro sustentável?

Mesmo com o crescimento de práticas sustentáveis no agro brasileiro, ainda há muito a ser feito. Mais ainda, é possível que a sustentabilidade seja um dos principais fatores que ajudem o Brasil a crescer e se manter na liderança dos países agroexportadores.

Fonte: El Confidencial

Por isso, os produtores que querem buscar um caminho mais sustentável podem seguir alguns passos simples para atingir esse nicho de mercado:

  1. Analisar os recursos naturais da propriedade: com essa simples estratégia, o produtor consegue saber quais recursos correm risco de não estar mais disponíveis a médio e longo prazo. Isso permite fazer um bom planejamento, além de estimular o uso de fontes renováveis e de tecnologias que diminuam o desperdício;
  2. Controlar operações: usar softwares e plataformas de gestão ajuda a automatizar processos e a tomar decisões mais assertivas, reduzindo desperdícios e controlando o uso de recursos naturais;
  3. Investir em capacitação: colaboradores bem treinados são indispensáveis para o agro sustentável. Além disso, com mais conhecimento, os funcionários se tornam mais engajados nas práticas verdes, fazendo com que o trabalho seja executado de forma mais consciente;
  4. Adotar práticas que mitigam impactos ambientais: essas práticas podem variar de acordo com o modelo de negócios, mas apostar em plantio direto, adubação verde, pesticidas naturais, alternância de culturas e tecnologias de acompanhamento de dados pode ser uma boa solução;
  5. Estabelecer um tempo de transição: agricultura sustentável demanda tempo e planejamento. Não espere ter um empreendimento verde de um dia para o outro! Estabeleça um período de tempo para adotar novas práticas, o que vai facilitar o direcionamento de investimentos e a análise de resultados;
  6. Mantenha-se atualizado: novas práticas e tecnologias para a sustentabilidade estão em constante desenvolvimento. Procure sempre se atualizar sobre as mais rentáveis e eficazes.

O futuro é agora!

O agro sustentável veio para ficar! Uma pesquisa realizada pelo Instituto Akatu e pela GlobeScan mostrou que 70% dos consumidores preferem empresas que adotam práticas de conservação do meio ambiente. Além disso, existem programas que estimulam um manejo verde, como é o caso do programa ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) que, em um ano, cresceu 47% em incentivos para os produtores.

Outra tendência são os PSA’s (Pagamento por Serviços Ambientais), cujas diretrizes foram aprovadas no início de 2021 e que bonificam práticas de conservação. Destaca-se, também, o crescimento das indústrias de bioinsumos e AgTechs, que buscam facilitar o desafio sustentável no campo.

Por fim, produtores de todo Brasil têm quebrado recordes de produção ao aliar manejo sustentável. Você não vai ficar de fora dessa tendência, vai?

Fontes:

Bayer

Inovação industrial

Agrosustentável

Organização Agricultura Sustentável

Sensix

Cientista social, mestranda em Educação com pesquisa na área de Ideologia da Família. Apaixonada por antropologia, psicanálise, historiografia, literatura e música. Atua como Designer instrucional, produzindo materiais didáticos em diversas mídias, conteúdo para redes sociais e marketing (B2B e B2C), usando técnicas de UX e Copywriting. Longa experiência com revisão de textos - acadêmicos e para a web -, redação e produção de conteúdo educacional.

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