Agricultura Brasileira no Cenário Internacional  

Saiba porque a agricultura brasileira é mundialmente famoso e qual a sua importância no abastecimento de alimentos

O Brasil ocupa posição de destaque no setor agro, uma vez que é o quarto maior exportador mundial de grãos (como arroz, cevada, soja, milho e trigo) atrás apenas da União Europeia, dos Estados Unidos e da China, além de ser o maior exportador de carne bovina, com o maior rebanho bovino do mundo. 

Segundo a Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a soja brasileira representa 50% do mercado mundial e alcançou, em 2020, o segundo lugar entre os maiores exportadores de milho. 

Por conta de tudo isso, a relevância do Brasil para o setor é constantemente destacada por lideranças nacionais e internacionais. Um dos exemplos mais recentes é o da diretora-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Ngozi Okonjo-Iweala, que em visita à Frente Parlamentar da Agropecuária declarou que o mundo sobrevive da agricultura brasileira.  

Além da constante expansão, a agricultura brasileira tem se destacado internacionalmente por conta do uso da tecnologia e da busca pela redução aos impactos ambientais. O país, inclusive, já avançou bastante nesse aspecto e hoje é considerado referência internacional em sustentabilidade.  

De acordo com o Censo Agropecuário, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2017, o país contava com 41% de seu território destinados à produção de alimentos, entre lavouras, pastagens, matas naturais e matas plantadas, somando 350 milhões de hectares.  

Outros números do Censo Agropecuário que chamam a atenção incluem a frota de tratores (que havia crescido quase 50% desde 2006) e a área irrigada (com aumento de 52% em relação a 2006). Há também aspectos relevantes no que se refere ao uso da tecnologia no campo: 10% dos 5,1 milhões de estabelecimentos rurais do país já utilizavam a irrigação e 1,4 milhão tinham acesso à internet.  

Papel na economia 

O agronegócio é um dos pilares econômicos do Brasil e representou 26,1% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2020, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP (Cepea) em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). 

O setor também é fundamental na geração de empregos e fechou o ano de 2021 com saldo positivo de 140,9 mil novas vagas de trabalho, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia. 

As vagas hoje são muito mais abrangentes que no passado, já que os empregos não se limitam à produção em si, mas também inclui segmentos como tecnologia, empreendedorismo, pesquisa, marketing e muitos outros.  

Trajetória 

Para que o Brasil alcançasse esse patamar, foram décadas de investimentos e desenvolvimento de novas tecnologias. Nos últimos 40 anos, o país deixou de ser apenas mais um importador de alimentos para se transformar em um grande provedor para o mundo.  

Até os anos de 1970, no entanto, o Brasil não aproveitava tão bem sua vocação para a agricultura. Prova disso é um estudo de Edward Schuh e Eliseu Alves sobre a agricultura do Brasil, publicado em 1971, em que os pesquisadores constatam a falta de conhecimento sobre os solos tropicais e sobre como utilizá-los da melhor forma. 

Nessa época, o país ainda apresentava baixo rendimento por hectare e pouca produção, situação que só começou a se transformar quando o Governo Federal criou políticas agrícolas específicas e começou a investir em várias regiões do país. O resultado não poderia ter sido melhor: entre 1975 e 2017, a produção de grãos, que era de 38 milhões de toneladas, cresceu mais de seis vezes, e chegou à marca de 236 milhões, enquanto a área plantada apenas dobrou.  

No que se refere à evolução do rendimento médio (quilos por hectare) neste mesmo período, de 1975 a 2017, houve aumento de rendimento de 346% para o trigo, de 317% para o arroz, de 270% para o milho e de quase 200% para a soja e para o feijão. 

Na pecuária, os resultados também foram expressivos: o número de cabeças de gado bovino no país mais que dobrou nas últimas quatro décadas, enquanto a área de pastagens teve pequeno avanço.  

Todo esse aumento fez com que o Brasil passasse a exportar muito mais, especialmente após a década de 1990. A partir desse período, produtos brasileiros se tornaram presentes em cada vez mais países e ainda hoje a demanda continua a crescer.  

O crescimento também elevou o número de empregos gerados pelo setor. Em 2017, por exemplo, eram 19 milhões de trabalhadores ocupados nessa área. Os segmentos de agroindústria e serviços empregaram, respectivamente, 4,12 milhões e 5,67 milhões de pessoas, enquanto a área de insumos do agronegócio empregou 227,9 mil pessoas. 

Esse salto de simples produtor à referência mundial é atribuído a uma série de fatores, como os já citados investimentos do Poder Público, além das condições adequadas para a agricultura em boa parte do território nacional e os constantes investimentos na ciência. Esses investimentos, inclusive, foram fundamentais para que o Brasil se tornasse referência em sustentabilidade, especialmente por meio da Agricultura de Precisão (AP), conjunto de técnicas que visa utilizar a tecnologia para aumentar a produtividade e reduzir os danos ambientais. 

Conclusão 

Com o passar dos anos, a importância do setor agro para a economia brasileira se tornou cada vez maior. Hoje o país está entre os principais exportadores de grãos do mundo e se tornou essencial para a alimentação em todo o mundo. O crescimento do setor ocorreu, sobretudo, a partir dos anos 70, impulsionado por investimentos do governo e pelo avanço tecnológico do setor. Porém, tão importante quanto isso é a vocação do Brasil para a agricultura, já que solo do país tem todas as características adequadas para a produção das mais diversas culturas.  

Hoje o Brasil é referência não só em produção, mas também em sustentabilidade, já que através da Agricultura de Precisão surgiram diversas técnicas e tecnologias capazes de diminuir os impactos ambientais e, ao mesmo tempo, aumentar a produtividade. 

Referências

Cepea 

Embrapa 

CNA 

Forbes

Isto é Dinheiro 

Jornalista, mestre em Tecnologias, Comunicação e Educação, revisor e redator freelancer. Atua como repórter e assessor de imprensa e já publicou dois livros como autor independente. Tem interesse por cinema, literatura, música e psicanálise.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *