A importância do plantio de refúgio na agricultura moderna

Saiba como o plantio de refúgio ajuda a preservar a eficácia das culturas geneticamente modificadas

A agricultura geneticamente modificada, também conhecida como agricultura transgênica, representa um avanço significativo na forma como cultivamos plantas para suprir as demandas alimentares da crescente população mundial. Por meio da manipulação genética, cientistas têm sido capazes de incorporar características específicas nas plantas, conferindo-lhes benefícios importantes.

Essa tecnologia tem se mostrado altamente promissora, trazendo vantagens como o aumento da produtividade, resistência a pragas e doenças, além da redução do uso de defensivos agrícolas.

QUAL O PAPEL DO PLANTIO DE REFÚGIO?

O plantio de refúgio é uma prática agrícola que consiste em cultivar uma área próxima à cultura geneticamente modificada (GM) com uma variedade não transgênica ou convencional da mesma espécie. Essa área de refúgio tem como objetivo evitar a seleção de pragas e insetos resistentes às características modificadas geneticamente das plantas.

Essa prática baseia-se na ideia de que, quando uma cultura GM é cultivada em grande escala, as pragas suscetíveis à tecnologia GM são eliminadas, enquanto as pragas resistentes têm maior chance de sobreviver e se reproduzir. Com o tempo, essa reprodução das pragas resistentes pode levar ao desenvolvimento de uma população dominante de insetos resistentes à tecnologia transgênica, tornando-a menos eficaz. Mas não são só esses benefícios que as áreas de refúgio trazem.

BENEFÍCIOS DO PLANTIO DE REFÚGIO NAS LAVOURAS:

1 – Preservação da eficácia das tecnologias geneticamente modificadas

Ao introduzir uma área de refúgio com plantas não transgênicas, as pragas resistentes têm a oportunidade de se cruzar com indivíduos não resistentes presentes no refúgio. Essa mistura genética diminui a probabilidade de que as pragas desenvolvam resistência total às características modificadas das plantas GM, pois a mistura de genes diminui a vantagem seletiva das pragas resistentes. Ou seja, esse tipo de prática evita a rápida evolução da resistência das pragas, o que poderia comprometer a produtividade das lavouras e aumentar a dependência de defensivos agrícolas.

2 – Manejo das resistências às pragas

            A resistência às pragas nas áreas de refúgio ocorre por meio de dois mecanismos principais: mistura genética e disponibilidade de hospedeiros não transgênicos.

Essa mistura genética reduz a vantagem seletiva das pragas resistentes, uma vez que a presença de genes suscetíveis torna menos provável o sucesso reprodutivo dos indivíduos resistentes. Ao cultivar uma área com plantas convencionais, as pragas têm acesso a um ambiente favorável para se alimentar e se reproduzir. Isso reduz a pressão seletiva sobre as pragas para desenvolver resistência às características das plantas GM.

3 – Sustentabilidade agrícola

Ao plantar áreas de refúgio com plantas não transgênicas e convencionais, os agricultores diversificam suas culturas. Isso reduz a dependência de uma única tecnologia e diminui os riscos associados ao cultivo de uma variedade GM específica.

4 – Regulamentação

            As regulamentações e recomendações relacionadas ao plantio de refúgio variam de acordo com o país e a autoridade reguladora responsável. No entanto, a maioria das diretrizes segue princípios semelhantes, como: tamanho e localização do refúgio, proporção das plantas GM e não GM, distância entre as áreas de plantio e monitoramento regular.

COMO IMPLEMENTAR UMA ÁREA DE REFÚGIO?

Implementar corretamente o plantio de refúgio requer atenção a vários aspectos.

 1 – Proporção

Geralmente, é recomendado que a área de refúgio represente entre 5% e 20% da área total plantada com a cultura GM. No entanto, é importante consultar as orientações específicas fornecidas pela empresa detentora da tecnologia GM, bem como as regulamentações locais.

2 – Distância entre as áreas

A distância entre as áreas de refúgio e de cultivo GM é essencial para minimizar o cruzamento entre as plantas GM e não GM. Em geral, é recomendado manter uma distância de 800 metros entre as áreas de refúgio e de cultivo GM.

3 – Seleção de culturas e variedades adequadas

É importante selecionar culturas e variedades adequadas tanto para a área de refúgio quanto para a área de cultivo GM. Na área de refúgio, devem ser plantadas culturas e variedades não GM da mesma espécie da cultura GM.

4 – Rotação de culturas

A rotação de culturas é uma prática importante para evitar o acúmulo de pragas-alvo e reduzir a pressão seletiva. A inclusão de culturas diferentes na área de refúgio e na área de cultivo GM ajuda a interromper o ciclo de vida das pragas e reduzir a dependência de pesticidas. A rotação de culturas também contribui para a saúde do solo e a sustentabilidade geral do sistema agrícola.

5 – Monitoramento e registro

É crucial monitorar regularmente as áreas de cultivo, tanto a área de refúgio quanto a área de cultivo GM, para avaliar a eficácia do plantio de refúgio e identificar possíveis problemas.

CONSCIENTIZAÇÃO E PARCERIAS

É necessário estabelecer parcerias entre as empresas detentoras da tecnologia GM, as autoridades reguladoras e os produtores para fornecer orientações claras e apoio contínuo. A conscientização contínua e o monitoramento adequado são essenciais para avaliar a eficácia do plantio de refúgio, identificar desafios e propor soluções adaptadas a cada contexto agrícola.

O plantio de refúgio é fundamental para assegurar a segurança e a sustentabilidade das lavouras GM. Ao adotar essa prática de forma adequada e consistente, os agricultores podem proteger a eficácia das culturas GM, preservar o meio ambiente e garantir uma produção agrícola saudável e sustentável a longo prazo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *