Entenda a compostagem e seus benefícios para o meio ambiente e a agricultura
Você sabia que, de todo o lixo orgânico produzido no Brasil, apenas 1% é reaproveitado? Quer dizer que, de um total de mais de 37 milhões de toneladas de resíduos sólidos que são produzidos ao ano no país, a maioria esmagadora acaba sendo direcionada a aterros sanitários, lixões a céu aberto e outros destinos sem aproveitamento.
Esse 1%, que representa pouco mais de 300 mil toneladas de lixo, é reciclado através de processos como a compostagem (da qual você certamente ouve falar desde os tempos da escola!). Em termos simples, a compostagem consiste na reciclagem de resíduos orgânicos até transformá-los em adubo natural e altamente nutritivo utilizado para fertilizar solos – e pode ser realizada não apenas no âmbito doméstico, mas também no setor agrícola em grande escala.
Como a compostagem é realizada
O processo de compostagem tem início com a coleta e a separação de resíduos orgânicos. Isso é importante porque existem certas restrições quanto ao que pode e não pode ser adicionado às composteiras, também conhecidas como pilhas de compostagem. É que nem todo resíduo traz benefícios.
Restos de frutas e verduras (em moderação, no caso das frutas cítricas), folhas, galhos e flores, restos de pão umedecido, cascas de ovos trituradas e borras de café (incluindo ao filtro) são alguns dos principais exemplos úteis para a compostagem. Quanto ao que não pode ser aproveitado, temos cascas de frutas cítricas em excesso, restos de carne e queijo, folhas de jornal coloridas e produtos salgados ou açucarados.
A realização da compostagem depende de alguns fatores cruciais:
- A escolha do local ideal, que precisa ser arejado e protegido da luz do sol e da chuva;
- As proporções da composteira, que dependem da área disponível e da finalidade do adubo que será produzido;
- A manutenção da composteira, que está diretamente ligada aos dois aspectos acima.
Feitos todos os arranjos iniciais, passa-se a utilizar organismos variados – fungos, bactérias, minhocas e afins – para quebrar a matéria orgânica e transformá-la em uma substância de aspecto diferente, parecido com a terra, e que recebe o nome de adubo orgânico. A depender dos fatores que citamos, os resultados podem surgir dentro de 45 a 60 dias.
A partir de então, o que se tem é um composto que pode ser aplicado em vasos de plantas, pequenas hortas e grandes lavouras. Isso mesmo: como dissemos na introdução deste artigo, até plantações de grande escala utilizam adubo orgânico no processo de produção! A seguir, veja alguns dos benefícios que a compostagem traz.
É preciso selecionar bem que produtos entram na composteira, já que nem tudo que é orgânico pode ser reaproveitado. Imagem: Reprodução/Freepik.
Os benefícios da compostagem
O composto orgânico gerado através da compostagem pode ser utilizado como um adubo natural e capaz até de aumentar a fertilidade do solo. Mas, além disso, o processo tem vários outros benefícios:
- Reduz o volume de resíduos que seriam enviados a aterros e lixões e, por consequência, desperdiçados.
- Diminui a produção de gases do efeito estufa, uma vez que os resíduos orgânicos passam por tratamentos naturais e que não envolvem maquinário pesado e movido à base de combustíveis fósseis.
- Protege o solo contra a degradação, pois não envolve o uso de insumos químicos – afinal, o adubo gerado após o processo é completamente natural.
- Otimiza a estrutura do solo e contribui com processos como infiltração de água e aeração, assim impactando também o desenvolvimento das raízes de plantas.
- Estimula a atividade de micro-organismos no solo, incluindo a decomposição de matéria orgânica, a manutenção do carbono e uma melhor distribuição e ciclagem de nutrientes.
- E, claro, fornece nutrientes importantes ao solo e às plantas nele cultivadas – incluindo zinco, potássio, nitrogênio, fósforo e boro.
Exemplos da compostagem colocada em prática
No Brasil, cada vez mais pessoas estão adotando a prática de montar composteiras domésticas – no quintal da própria casa, por exemplo. Na esfera industrial, inúmeras empresas já têm capacidade para processar resíduos orgânicos (ou, no mínimo, aplicá-los a partir de parcerias com outras iniciativas que realizem esse tratamento).
A JBS Brasil é um exemplo de agronegócio que tem um olho na compostagem, sendo parceira de várias outras empresas que fazem o processo. Só em 2019, por exemplo, ela chegou a reaproveitar quase 400 ml toneladas de resíduos gerados em suas fábricas. Posteriormente, esses resíduos foram destinados a uma série de ações de reutilização (compostagem e mais).
A mineira Valoriza Fertilizantes, localizada em Patos de Minas, tem capacidade para processar 120 mil toneladas de resíduos por ano. Boa parte dessa matéria orgânica é gerada a partir da agropecuária, embora haja outros pontos de origem.
Outro exemplo interessante é a Ninho do Verde Compostagem, startup dedicada à compostagem urbana em Teresina, no Piauí. A empresa atua em um sistema de assinaturas para pessoas e empresas, disponibilizando planos de coleta e venda de produtos de origem orgânica. Assim, gera um impacto socioambiental relevante na região.
Iniciativas como essas mostram por que a compostagem é uma excelente estratégia de reaproveitamento de resíduos orgânicos, indo além da utilização doméstica e chegando a aplicações na agricultura de larga escala. Ou seja: mais uma vez, é a própria natureza provendo soluções para a produção agrícola!
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