Pragas de goiabeiras: Novo estudo analisa eficácia de bioinseticidas no controle de pragas

Nos últimos anos, tem ficado cada vez mais evidente que a agricultura passa por um novo momento, em que a busca por métodos sustentáveis de combate a pragas se tornou uma preocupação nas mais diversas culturas. São muitos os estudos que têm surgido a cada dia com o objetivo de alcançar resultados eficientes e, ao mesmo tempo, reduzir os impactos ao meio ambiente. 

Um exemplo recente é o trabalho conduzido pelo biólogo doutor em Entomologia e Conservação da Biodiversidade, Isaias de Oliveira, desenvolvido em parceria com três instituições de ensino superior: UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul). A pesquisa visa analisar a eficiência de bioinseticidas no controle das pragas-chave das goiabeiras: triozídeos, moscas-das-frutas e o gorgulho.

O pesquisador, vinculado à Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), também é apoiado pela Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul). 

Dentre as questões mais relevantes do trabalho estão os fatos de que todos os bioinseticidas em teste já são utilizadas em outras culturas e que eles não agridem o meio ambiente ou a saúde da população, uma vez que fungos entomopatogênicos (capazes de colonizar diversos tipos de pragas). 

 “Os produtos já estão disponíveis, entretanto, a forma de aplicação, dosagem, época de aplicação e quantidade de calda a ser utilizada são fatores limitantes para um controle de pragas por parte dos fruticultores”, explica Isaias de Oliveira.

Nesse momento, o pesquisador tem monitorado a ocorrência das pragas para fazer as aplicações e, em seguida, registrar os resultados. Os locais escolhidos para a análise são propriedades da agricultura familiar na Gleba Santa Terezinha (Itaporã) e Barreirão (Dourados). 

 “O estudo será feito de acordo com a ocorrência das referidas pragas. É realizado o monitoramento e, havendo o início do nível de dano e condições ideais para utilização dos fungos entomopatogênicos, é feita a aplicação”, diz o pesquisador.

Ainda segundo ele, o uso dos bioinseticidas para o controle de triozídeos, moscas das frutas e gorgulho irá basear-se em amostragens semanais em pomares comerciais, visando definir as aplicações fúngicas.

“Serão instaladas armadilhas nas plantas pulverizadas visando a captura de adultos de moscas infectadas. Estas serão inspecionadas diariamente e levadas ao laboratório para criação e acompanhamento de sua respectiva biologia até seu respectivo óbito, sendo também acompanhada sua prole”, explica. 

“Para a captura de gorgulhos infectados, cada planta pulverizada terá uma lona branca forrada abaixo da sua copa e seu tronco será sacudido visando a queda dos adultos do gorgulho da goiaba, que também serão encaminhados ao laboratório”, ressalta.

A expectativa é que os resultados cheguem à agricultura familiar, por meio de dias de campo e treinamento aos técnicos da Agraer que estão na linha de frente na ajuda aos pequenos produtores.

“Nestes treinamentos serão abordados assuntos sobre o manejo da cultura da goiaba, manejo de pragas e eficiência do controle biológico, fatores limitantes e preparo da calda com entomopatógenos, horário de aplicação e atenção aos dados meteorológicos de temperatura e umidade relativa do ar para o uso dos mesmos”, completa.

Nova praga

Embora o estudo seja uma boa notícia, os produtores de goiaba têm um novo motivo para se preocupar. Isso porque pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) recentemente identificaram a espécie de cochonilha exótica Capulinia linarosae em uma propriedade rural no estado do Amazonas. 

Esse é o primeiro registro da ocorrência no país dessa cochonilha, que tem um histórico de causar danos severos aos cultivos de goiabeira. Até o momento, no entanto, não há indícios de ocorrência em outros estados brasileiros.

As cochonilhas são pequenos insetos parasitas que sugam a seiva da plantas e são capazes de destruir ramos, folhas, frutos, chegando a causar a morte das goiabeiras. Sua chegada ao Brasil preocupa não só pelos danos severos causados às plantas, mas também por ser uma praga de difícil controle. 

Dentre as ações realizadas para resolver o problema estão a poda de limpeza e a remoção dos galhos. Os galhos removidos podem ser enterrados, queimados ou expostos ao sol para promover a desidratação e morte das cochonilhas. 

Já em relação às partes que não podem ser podadas, é indicado que o produtor remova as cascas e os insetos com a ajuda de um escovão de cerdas duras e, em seguida, aplique óleo mineral (75,6% m/v) na concentração de 1,5 ml do produto para 1 litro de água duas vezes, com um intervalo de 15 dias entre cada aplicação. 

Conclusão

O Brasil tem conquistado um espaço cada vez maior na produção de frutas, sendo a goiaba um ótimo exemplo. Atualmente, os produtores acompanham com interesse um novo estudo que visa facilitar o combate às três principais pragas das goiabeiras: triozídeos, moscas-das-frutas e o gorgulho.

O objetivo dos envolvidos é avaliar a eficácia de bioinseticidas já utilizadas em outras culturas no combate a essas pragas. A medida é bastante importante, uma vez que esses produtos não prejudicam o meio ambiente ou a saúde da população. 

Ao mesmo tempo em que o estudo surge como uma boa notícia, os produtores ganham uma nova preocupação, já que uma espécie de cochonilha exótica Capulinia linarosae foi identificada em uma propriedade rural no estado do Amazonas. A praga é bastante prejudicial às plantas e acende um alerta entre os produtores não só do Amazonas, mas de todo o país, pois a Capulinia linarosae pode se espalhar com facilidade. 

Diante disso, é fundamental que os produtores fiquem atentos às suas propriedades, para que o problema possa ser identificado e resolvido de maneira rápida e eficiente, caso apareça. 

Leia também: Pragas iniciais da Soja

Fontes:

A crítica

Embrapa

Agro20

Jornalista, mestre em Tecnologias, Comunicação e Educação, revisor e redator freelancer. Atua como repórter e assessor de imprensa e já publicou dois livros como autor independente. Tem interesse por cinema, literatura, música e psicanálise.

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