A agricultura tem se desenvolvido mais a cada dia, a ponto de contar com técnicas, produtos e tecnologias que sequer eram utilizados há alguns anos. Nesse sentido, vale destacar a disseminação de defensivos agrícolas de baixo impacto, produtos capazes de alcançar resultados eficientes de forma bastante responsável do ponto de vista ambiental.
Nesse fim de ano, uma importante novidade para os produtores é o Ato n°57 do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da Secretaria de Defesa Agropecuária, publicado no Diário Oficial da União no início de dezembro, com o registro de 45 defensivos agrícolas formulados, ou seja, produtos que estarão disponíveis imediatamente para os agricultores. Desse total, 22 são produtos de baixo impacto, sendo 15 aprovados para uso na agricultura orgânica.
Com a publicação, o ano de 2022 chegou ao total de 112 produtos de baixo impacto registrados, maior número de registros de produtos desse perfil em um mesmo ano.
Como lembra o coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins, André Peralta, os produtos considerados de baixo impacto têm ingredientes ativos biológicos, microbiológicos, semioquímicos, bioquímicos, fitoquímicos e reguladores de crescimento, podendo ser autorizados para uso em vários casos na agricultura orgânica.
Dentre os 22 produtos registrados se destacam um extrato de alho e pimenta para controle do ácaro-purpureo em citros e o uso da joaninha Cryptolaemus montrouzieri na agricultura orgânica, para controle da cochonilha-rosada.
Também chamam a atenção os fungicidas, como um produto a base do extrato vegetal de Rheum palmatum para controle de oídio, antracnose e mancha de alternária em mais 50 culturas agrícolas, além do primeiro produto registrado à base de Trichoderma koningiopsis para controle de mancha de fusarium em todas as culturas agrícolas prejudicadas por esse fungo.
Já um herbicida classificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como pouco tóxico (Categoria 4) visa facilitar os produtores de alho e cebola, por meio de um produto à base do ingrediente ativo Octanoato de Ioxinila, que estava foram do mercado há algum tempo. Esse novo produto tem sido aguardado com bastante expectativa, especialmente pelos produtores rurais da Região Sul do país.
Outro anúncio que tem provocado bastante expectativa é a liberação de produto formulado à base da nova substância Afidopiropeno, voltado ao controle de insetos sugadores responsáveis por danos a culturas como o algodão, a batata, o feijão, o fumo, a melancia, o melão, a soja e o tomate.
Por fim, os demais produtos liberados são aqueles que utilizam ingredientes ativos já registrados anteriormente no país. Todos os produtos registrados passaram por uma rigorosa análise e foram aprovados pelos órgãos responsáveis, obedecendo aos critérios científicos das melhores práticas internacionais.
Controle biológico
Dentre os defensivos agrícolas com baixo impacto destacam-se aqueles que alcançam resultados por meio do controle biológico e microbiológico, duas das ferramentas mais importantes no Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Essa forma de controle tem crescido bastante nos últimos anos, especialmente porque reduz impactos ambientais, alcança bons resultados e tem custos bem menores.
No Brasil, o controle biológico começou a se tornar popular na década de 1990, quando passou a ser utilizado nas plantações de algodão, no combate a inimigos naturais das plantas, como insetos, fungos, vírus e bactérias.
Atualmente, cerca de 80% dos insumos voltados ao controle biológico são utilizados nas culturas da cana, soja e café, em uma área total de mais de 23 milhões de hectares. No entanto, o seu uso vem recebendo destaque em outras culturas, como o algodão.
Hoje as alternativas biológicas conseguem reduzir o uso de defensivos agrícolas químicos convencionais em até 30%, o que diminui custos e impactos ambientais. Vale ressaltar, no entanto, que o controle varia de praga para praga e que deve ser acompanhado por um profissional qualificado, para que assim os melhores resultados possam ser alcançados.
Conclusão
A substituição gradual dos defensivos tradicionais por produtos de menor impacto tem potencial não apenas para produzir alimentos mais saudáveis e aumentar a escala de produtos orgânicos, mas também fomentar a consciência ambiental sem deixar de movimentar a economia.
Diante disso, o Ato n°57 do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas da Secretaria de Defesa Agropecuária, publicado no Diário Oficial da União no início de dezembro, é uma ótima notícia para o produtor rural, afinal, o documento apresenta o registro de 45 novos defensivos agrícolas, sendo 22 de baixo impacto e 15 deles aprovados para uso na agricultura orgânica.
O ano de 2022 foi o que teve maior número de registros de produtos desse perfil aprovados, o que, na prática, representa um grande avanço para a agricultura brasileira, já que pesquisas têm permitido que novas técnicas e tecnologias sejam utilizadas pelos produtores em seu dia a dia, na busca pelo aumento da produtividade e, claro, redução aos impactos ambientais.
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