Na primeira parte deste texto, foi possível saber um pouco mais sobre a importância do planejamento dos custos de produção no agro. Agora, é hora de conhecer quais são as culturas mais caras do Brasil.
Você já sabe que o planejamento é parte essencial da produção agrícola. Sabe também que, para isso, é importante considerar as especificidades de cada cultura e levá-las em conta em seu planejamento. Entretanto, existem culturas que são muito mais dispendiosas que outras, bem como variações nos custos de produção bem marcadas em cada região do país. Enquanto alguns estados se destacam na produção do café, outros permanecem há anos nos primeiros lugares dos rankings de produção de milho, por exemplo.
Simultaneamente, cresce a produção de culturas muito caras, mas extremamente lucrativas. Isso é resultado do investimento do setor agrícola em inovação, que está permitindo aos produtores cultivar as deliciosas uvas em pleno cerrado e até mesmo plantar a colombiana physalis no sul de Minas Gerais.
Mas quais são as culturas mais caras do Brasil? Veja abaixo quais produtos têm os custos de produção mais altos nas principais regiões em que são produzidos.
Alho
O alho é parte indispensável na mesa dos brasileiros. A estimativa é que cada habitante do país consuma cerca de um quilo e meio da especiaria por ano. Entretanto, a produção nacional não é suficiente para toda a população e cerca de 45% ainda é importado de países como Chile e a Argentina. Por essa razão, seu cultivo vem sendo constantemente estimulada por meio de campanhas como as da Associação Nacional de Produtores de Alho, que mostra nos supermercados onde o produto está sendo produzido.
Tais campanhas acontecem porque os custos de produção do alho são os mais altos no Brasil. A cultura, apesar de rentável, é dispendiosa porque seu plantio deve estar cercado de cuidados. Além disso, o gasto com mão de obra é elevado, pois o método de plantio exige que cada bulbo seja levado à terra individual e manualmente. Mas uma vantagem é que o alho é uma cultura extremamente adaptável e pode ser produzido em praticamente todas as regiões do país.
Graças a esses cuidados necessários, o custo por hectare é elevado e pode ultrapassar a marca de R$100 mil com facilidade.
Tomate
Outro produto que não pode faltar na mesa dos brasileiros é o tomate. O alimento é extremamente versátil e pode ser consumido cru ou cozido e é usado para fazer saladas, molhos e as mais diversas receitas. No entanto, a produção é dividida em dois gêneros: mecanizada e manual. A mecanização só é possível para o tomate industrial – que será usado para produção de extrato de tomate e muitos outros nas indústrias brasileiras. Mas o tomate tipo cereja, por exemplo, deve ser plantado em cultivo protegido e colhido manualmente, o que aumenta muito o custo de produção, que passa de R$20 mil (para o tipo industrial) para incríveis R$100 mil por hectare.
Além disso, o preço da fruta é extremamente variável, o que deixa os produtores que se dedicam ao alimento em uma situação de alto risco. Para garantir uma produção com rentabilidade estável é necessário planejamento, não só financeiro. O tomateiro se desenvolve bem em regiões de clima temperado, tropical de altitude e subtropical e com temperaturas relativamente baixas. Tomando todos os cuidados, é possível colher até 71,8 toneladas por hectare!
Veja abaixo os custo de produção do tomate de mesa em São José do Ubá (RJ) e em Caçador (SC), que são os principais municípios brasileiros com alta produção:
Maracujá
O terceiro lugar da cultura mais cara no Brasil é ocupado pelo maracujá. É uma fruta extremamente versátil e pode ser usada tanto em sobremesas quanto em pratos principais, sucos, mousses e muito mais. De acordo com a Embrapa, a cultura da fruta gera quase 600 mil toneladas por ano! E mais: o consumo de maracujá vem crescendo cada vez mais.
As expectativas dos produtores em relação ao maracujá são altas, principalmente porque a indústria tem garantido bons preços. Mas, assim como o tomate, todo o processo, do plantio à colheita, é manual. Assim, os gastos com mão de obra são bem elevados e os custos de produção podem ultrapassar os R$70 mil por hectare, o que faz com que o maracujá seja uma das culturas mais caras do Brasil.
Cará
Rico em fibras e vitaminas do complexo B, o cará é um alimento altamente nutritivo. Para aqueles que se preocupam com a saúde, o tubérculo é um grande aliado: ele estimula o apetite, auxilia no processo digestivo e é rico em fibras solúveis, cálcio, ferro e potássio. Além disso, o alimento é muito indicado para quem sofre com gastrite e úlceras, pois é digerido e absorvido com facilidade pelo organismo.
O cará se desenvolve bem em regiões de clima quente e úmido, em solos leves, de textura não muito arenosa, profundos e com boa drenagem. O tubérculo também exige solos ricos em matéria orgânica e com boa capacidade de retenção de umidade.
É uma cultura relativamente cara, pois o recomendado é que a colheita seja feita manualmente, com o auxílio de enxadões. Mesmo que se opte pela mecanização, ela deve ser feita apenas parcialmente, com o uso de arado de aiveca. Por isso, os custos de produção podem ultrapassar os R$40 mil por hectare, como mostrado no gráfico abaixo:
Batata inglesa
Que o brasileiro ama batata é um fato inegável: frita, assada, cozida, em sopas, nhoques, purês e muito mais, é praticamente impossível encontrar alguém que não goste do alimento. E o amor por batata se estende ao longo do globo, o que faz com que ela seja considerada uma commodity não grão.
A produção da batata inglesa no Brasil pode ultrapassar 1,7 milhões de toneladas, mas, para isso, é preciso que os produtores façam o manejo de forma cuidadosa e correta.
A batata inglesa deve ser cultivada em um sistema radicular superficial e delicado e suas raízes não podem ultrapassar os 50 cm. Isso porque as plantas têm pouca capacidade de explorar os nutrientes e a água do solo. Evidentemente, isso exige um solo bem corrido e fértil. Ainda assim, os custos de produção são viáveis e não ultrapassam os R$40 mil por hectare – o que é bem pouco se comparado aos R$100 mil de culturas como o alho e o tomate. Veja abaixo o custo de produção mais alto e mais baixo por hectare no Brasil.
Elaborado pela autora. Fonte dos dados: Planilha de de Custos Conab (2021) *Dados referentes à 2020.
Conclusão
A agricultura é uma das principais responsáveis pelo PIB brasileiro. Sem dúvida, vários governos buscam criar estratégias de financiamento e apoiar os produtores mesmo nas culturas com o custo de produção mais elevado.
Por essa razão, é preciso que o produtor esteja preparado e procure se informar continuamente sobre os custos de produção de cada cultura. Isso permitirá analisar a viabilidade de acordo com a região, as necessidades do plantio e da colheita e as possibilidades de cada investidor.
O cenário para 2022 é extremamente animador e a tecnologia é uma das maiores aliadas. Investir em agricultura de precisão, bons equipamentos e uma equipe bem preparada podem garantir uma colheita rica e abundante.
Veja a importância do planejamento dos custos de produção na primeira parte deste texto, clique aqui!
FONTES:
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