Mesmo com os desafios enfrentados durante a pandemia, o agronegócio brasileiro encerrou o ano de 2021 em expansão – com crescimento de aproximadamente 9,4% em relação ao ano anterior. As expectativas para 2022 animam os produtores, mas é preciso planejamento de custo de produção para se destacar.
O maior investimento em tecnologias agrícolas, o aumento na velocidade de implantação e a dedicação para encontrar um processo de produção mais eficiente são as principais razões para que o setor agro seguisse em expansão mesmo durante a crise.
As expectativas para a agricultura brasileira no ano de 2022 são ainda maiores: segundo a projeção da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), espera-se que o PIB do agro continue crescendo e atinja a marca de cerca de 3% a 5% em relação a 2021.
Mas, para isso, é preciso que o produtor rural esteja atento às necessidades e tendências do mercado. A pandemia mostrou que os investimentos em tecnologia e melhoramento são indispensáveis para quem quer se manter e crescer no setor e que, para isso, é de extrema importância planejar com cuidado os custos de produção.
Muitas vezes, os produtores rurais não têm um controle dos gastos na sua produção. Ainda que sejam capazes de identificar os principais custos e ganhos, às vezes subestimam a necessidade de fazer um planejamento mais detalhado e determinar um custo real.
O que é custo de produção agrícola?
O custo de produção agrícola é o total de tudo aquilo que será despendido para todas as atividades e produtos necessários na manufatura da cultura. Esses custos incluem o uso de insumos, fertilizantes, defensivos e implementos agrícolas, o sistema de irrigação, a mão-de-obra e até mesmo o combustível que será usado em todas as etapas do processo.
Saber o real custo da produção é fundamental para garantir um maior controle sobre as finanças do seu negócio, permitindo que você se planeje para expandir e lucrar cada vez mais. Além disso, fornece maior embasamento para tomar decisões importantes, como o valor de venda dos produtos, a identificação de quais processos precisam ser melhorados e quais as tecnologias e inovações mais adequadas para o negócio.
Custo de produção: como implementar?
O primeiro passo para calcular os custos de produção é bem simples: é preciso que você tenha controle de todos os valores e, por isso, todos os gastos devem ser registrados. De acordo com o modelo do seu negócio, é importante que você tome medidas para que cada gasto seja catalogado e, além disso, que essas informações sejam de fácil acesso. É preciso também garantir que esses dados não sejam perdidos, armazenando-os em locais seguros e fazendo tantas cópias quanto necessário.
Em segundo lugar, é preciso saber a área exata que comporta a cultura e na qual será necessário o manejo. Saber exatamente a área cultivada garante que o produtor não seja prejudicado ao comprar acima ou abaixo do necessário, permitindo melhor negociação e reduzindo as perdas de materiais e insumos adquiridos por falta de planejamento.
Outra medida essencial é dividir os gastos de acordo com sua natureza: irrigação, defensivos agrícolas, insumos, máquinas, entre outros. É indispensável que sejam registrados os gastos exatos do produto e não o volume total aplicado. Isso porque em alguns casos, como o de alguns defensivos agrícolas, o produto é diluído na água, o que altera seu custo final para o produtor.
As principais categorias de custos de produção
Aqui no blog da Sensix você já aprendeu um pouco sobre a rentabilidade e o custo de produção da soja e do milho. Mas como aplicar esses conhecimentos na sua produção, levando em consideração que eles são muito diferentes em cada cultura?
A recomendação é seguir o que é proposto pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Anualmente, a Conab faz o levantamento dos custos de produção de cada cultura e divulga os dados em planilhas, que podem ser acessadas clicando aqui.
É importante fazer as adaptações conforme as especificidades de cada cultura, região e modelo de produção. Para auxiliar a organizar suas despesas, a sugestão é dividi-las em seis categorias, listadas abaixo:
Despesas com o custeio
Essas despesas são referentes aos gastos com operações com animais, aviões, máquinas (tratores e colheitadeiras e conjunto de irrigação). Tais gastos podem ser referentes ao aluguel ou a aquisição dos produtos e isso vai variar de acordo com cada negócio, mês, região e outros. Nesta categoria também estão incluídos os gastos com mão de obra, administração, sementes e mudas, fertilizantes, defensivos, embalagens e utensílios, análises de solo e serviços diversos.
Outras despesas
Nesta categoria, estão incluídos os gastos com transporte externo, despesas administrativas, despesas de armazenagem e de beneficiamento, seguros de produção e de crédito e assistência técnica. Além disso, deve incluir também a Contribuição Especial para a Seguridade Social Rural (CESSR) e demais despesas com taxas de acordo com cada negócio. É importante ressaltar que essas despesas também são variáveis e devem ser constantemente atualizadas.
Despesas financeiras
Nesta categoria devem ser incluídas todas as despesas financeiras, ou seja, juros do financiamento ou de demais custos indispensáveis para cada negócio. Esses gastos são fixos e, em geral, representam boa parte do custo de produção. Por isso, é importante registrá-los com cuidado.
Depreciações
A desvalorização de máquinas e implementos é algo bem comum na vida do produtor rural. Por isso, devem ser registradas as depreciações de benfeitorias e instalações, de implementos e de máquinas, a fim de garantir uma visão real dos custos do negócio.
Outros custos fixos
Sabemos que a manutenção periódica, com benfeitorias e instalações, é um dos segredos de uma boa produção. Assim, deve-se registrá-las nesta categoria, juntamente com encargos sociais, com o seguro do capital fixo e com eventuais valores de arrendamento.
Renda de fatores
Por fim, é preciso registrar também os gastos com a renda de fatores. Esses valores dizem respeito ao gasto com remuneração esperada sobre o capital fixo e com a terra própria. Além disso, ajudam o produtor a investir em mão de obra especializada e aquisição de novas propriedades.
Conclusão
Após um biênio de muitos desafios, 2022 é um ano muito promissor para o setor agrícola brasileiro. Por isso, é preciso estar sempre atento às novidades do agro, pesquisando e abrindo o caminho para a inovação. Investir em conhecimento e planejamento dos custos de produção é garantir que os investimentos no campo sejam cada vez mais otimizados e eficientes;
Para isso, o planejamento é essencial e pode garantir o sucesso, desde o plantio até a colheita. Também garante que o produtor esteja preparado para as adversidades, com visão de futuro e capacidade de traçar alternativas.
O intuito com as informações apresentadas é que o produtor rural esteja preparado para aproveitar esse momento de crescimento e expansão, diversificando o plantio e adotando melhores estratégias.
Continue lendo a parte 2 desse artigo e veja a lista das culturas mais caras da agricultura brasileira. Clique aqui.
FONTES:
Portal Embrapa: https://www.embrapa.br/
Planilha de de Custos Conab (2021) https://www.conab.gov.br/info-agro/custos-de-producao
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