Taxa variável: lucro e meio ambiente unidos

Quando se planeja a condução de uma safra, é preciso colocar na ponta do lápis todo o custo com preparo de solo, semeadura, pulverizações, adubação, colheita etc. 

Já parou para pensar que é possível reduzir os custos com esses processos, aumentar o lucro e, de quebra, ainda preservar o meio ambiente? 

Exemplo de aplicação em taxa variável de acordo com a necessidade de cada parte do talhão. Fonte: CLAAS Agricultural machinery

 Antes de começar a ler esse artigo, é necessário que você saiba que existe uma variabilidade espacial dentro do seu talhão por menor que ele seja, e que essa variabilidade pode ser aproveitada para redução dos custos.

Para entender melhor essa variabilidade, vamos contar a história do Sr. José.

Muito antes dos monitores de colheita, o Sr. José, que produz soja há mais de 30 anos no Mato Grosso, já observava que a parte de cima do seu talhão sempre rendia menos carretas de soja que a parte mais baixa.

Quando o Sr. José comprou sua primeira colhedora com monitor de colheita embarcado, pimba! Ele estava certo, aquela área de fato era menos produtiva. Mas porquê? 

O problema do Sr. José era a textura do solo. Aquela área tinha um solo bem mais arenoso que o restante do talhão, e isso não podia ser mudado. Mas como conviver com isso? É aí que entra a taxa variável

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O que é taxa variável?

A taxa é variável é uma ferramenta da Agricultura de Precisão que leva em consideração a variabilidade espacial do talhão na hora de conduzir sua lavoura.

Seja para determinar a população de plantas (200, 300, 400 mil plantas por hectare?), a dose de corretivos, fertilizantes, defensivos entre outros manejos. Ela sempre leva em consideração as diferenças dentro do talhão, por mais que visualmente tudo pareça igual. 

Resumido, cada pedacinho do seu talhão é manejado de acordo com suas necessidades e seu potencial produtivo.

Exemplos práticos do emprego da taxa variável:

Quando o Sr. José descobriu que um bom pedaço do seu talhão era arenoso, foi preciso tomar uma decisão. 

  • A primeira coisa que ele fez na safra seguinte foi diminuir a população de plantas naquele pedaço, afinal, porque desperdiçar tantas sementes num local que não tem tanta capacidade produtiva quanto as outras áreas, não é? 

Porém o Sr. José viu os benefícios dessa decisão e quis ir além, contratando então uma consultoria especializada para analisar o solo naquele pedaço de terra. 

  • Em cima da consultoria, a segunda tomada de decisão do Sr. José foi na hora da adubação. Ele sabia que solos arenosos tem uma menor capacidade de reter os fertilizantes em relação aos argilosos, e que se ele colocasse a mesma dose em ambas as áreas, a chuva levaria embora boa parte do seu investimento na área arenosa.

O Sr. José também vai levar em consideração a variabilidade espacial para manejar as plantas daninhas, mas isso já é história para outro artigo…

Agora que você já entendeu o que é taxa variável, vou te contar 3 passos de como aplicar essa tecnologia na sua lavoura.

1 – Identifique a variabilidade

A variabilidade do talhão pode ser identificada de diversas maneiras. Ultimamente o modo mais prático é usando os monitores de colheita que já vêm embarcados nas colhedoras. Uma boa regulagem feita por um profissional com experiência em Agricultura de Precisão é suficiente para levantar dados muito úteis.

Também é possível identificar a variabilidade do talhão através de Índices de Vegetação que são gerados com imagens de satélite ou de drones, evidenciando as variações de biomassa e vigor da lavoura.

Outra forma muito comum de verificar a variabilidade, principalmente no solo, é distribuir pontos em grade (ex: 1 ponto a cada 2 ha) para coletar amostras de solo e enviar essas amostras para um laboratório, que conseguirá identificar diversas características químicas e físicas dessas amostras para que possam então ser interpoladas para criação de um mapa de fertilidade/textura.

Taxa Variável
Monitor de colheita embarcado na colhedora fornecendo informações em tempo de real de velocidade da trilha, fluxo, produtividade etc. Fonte: John Deere
Exemplo de um Índice de Vegetação, o NDVI. Através desse índice é possível inferir sobre a sanidade da cultura. Fonte: Geografia das Coisas

Após identificar as áreas com maior potencial produtivo do seu talhão pelo monitor de colheita (quanto mais dados de mais safras você tiver, mais segura fica sua recomendação), ou as áreas onde as plantas estão mais sadias (pelos Índices de Vegetação), você também pode fazer uma amostragem de solo direcionada nessas áreas e identificar de forma mais clara porque algumas zonas produzem mais e outras menos, economizando na quantidade de amostras em relação à metodologia de grade.

2 – Recomende

Imagine que você consiga executar o mesmo raciocínio de recomendação para cada hectare da lavoura, potencializando o resultado em cada metro quadrado da lavoura? É exatamente isso que a taxa variável faz, um dos conceitos centrais da Agricultura de Precisão.

Um vez que medimos a variabilidade, é hora de começar as recomendações de acordo com a necessidade de cada área. Vamos começar pela correção do solo.

Um dos mais importantes corretivos a ser considerado é o calcário, que tem potencial de balancear todo o sistema de produção. As análises de solos são importantes para entender os níveis de pH, alumínio, Ca e Mg, que são variáveis importantes a serem consideradas na recomendação do calcário, também conhecida como calagem. Para saber mais sobre a calagem, dá uma conferida nesse artigo aqui, que explicamos todos os detalhes.

Solo corrigido, vamos partir para a adubação. O gasto com fertilizantes é um dos maiores vilões do bolso do produtor, então quanto menos desperdício, mais lucro! Nós fizemos também um artigo bem completo sobre adubação que você pode conferir na íntegra aqui. A adubação em taxa variável tende a ser a operação mais utilizada entre os agricultores devido ao seu forte potencial de ganho de rentabilidade, diminuindo custos e aumentando a produção de maneira significativa.

Com o solo adubado e corrigido, podemos falar de taxa variável em outras frentes, como sementes, herbicidas, fitorreguladores, nematicidas, fertilizantes foliares, dessecantes e inseticidas.

Todo e qualquer insumo da agricultura é factível de ser trabalhado em taxa variável, potencializando a eficácia da produção e trazendo ganhos para o produtor. O advento das imagens de drones e satélites têm permitido mensurar as variabilidade espaciais e temporais das culturas em frequência diária, o que fornece em muito casos dados suficientes para otimizar todas as pulverizações também em taxa variável.

Dentre as diversas taxas variáveis possíveis nós já falamos de duas que causam um impacto considerável sobre a operação:

Manejo localizado em células. Fonte: SENARMT

3 – Continue monitorando as variabilidades

Na primeira safra já é possível notar a diferença nos resultados. Com o passar dos anos e conforme os dados de cada safra vão sendo acumulados, as recomendações ficam cada vez mais assertivas e específicas para aquele talhão, e com isso os lucros só aumentam! 

Outro benefício que vêm de carona com o lucro, é o bem-estar de saber que está preservando o meio ambiente e, deste modo, criando um mundo mais habitável para as próximas gerações.

Agricultura amiga do meio-ambiente. Fonte: Precision Agriculture 

Agora que você já aprendeu o que é taxa variável e os benefícios do manejo localizado, curta, comente, compartilhe esse artigo e fique atento as novas dicas de tecnologia no meio agro.

Referências

Journal of Production Agriculture – Concepts of Variable Rate Technology with Considerations for Fertilizer Application. DOI:

EMBRAPA – Variabilidade Econômica da soja.

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Fundador e Diretor Executivo da Sensix. Engenheiro Mecatrônico de formação e com vasta experiência no mercado de agricultura digital. Apaixonado por agricultura, drones e em fazer a diferença no mundo usando tecnologia.

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