Plantas Daninhas: 10 dicas para aumentar a eficiência no controle da praga

10 métodos eficientes para reduzir seus custos no controle de Plantas Daninhas

O controle de Plantas Daninhas é um processo que está sempre presente na condução de inúmeras culturas no Brasil e no mundo.

Já não é novidade que o custo do manejo aumenta cada vez mais devido a alguns fatores importantes, tais como realização de técnicas inadequadas, falta de rotação de culturas e principalmente aumento da resistência aos herbicidas.

Esquema de indução de resistência em plantas daninha mediante a dose continua de herbicida ao longo das safras

Imagem 1: Esquema de indução de resistência em planta daninha mediante a dose continua de herbicida ao longo das safras. Fonte: (Adaptado de HRAC-BR, 2008), disponível em https://www.manejoderesistencia.com.br/problemas/resistencia-de-plantas-daninhas

Algumas plantas daninhas mais comuns em alguns estados, que você provavelmente já teve que investir muito no controle são: Azevém (Lolium multiflorum), Capim Amargoso (Digitaria insularis), Buva (Conyza bonariensis), Caruru (Amaranthus viridis) e Capim-pé-de-galinha (Eleusine coracana).

 Plantas daninhas frequentes no Brasil. Fonte: Manejo de Plantas Daninhas Adama.

Imagem 2: Plantas daninhas frequentes no Brasil. Fonte: Manejo de Plantas Daninhas Adama. Disponível em: www.adama.com/brasil/pt/manejo-de-plantas-daninhas

Segundos dados da Heap, I.  The International Herbicide-Resistant Weed Database,atualmente no Brasil existem cerca de 50 registros de casos de resistência de plantas daninhas. Incluindo, na maioria deles, a resistência ao glifosato.

tabela de incidência global de plantas daninhas resistentes a herbicidas

Imagem 3: Tabela de incidência global de plantas daninhas resistentes a herbicidas. Fonte: Heap, I.  The International Herbicide-Resistant Weed Database, www.weedscience.org

Logo, apesar do controle químico ser um dos mais utilizados e eficazes, é também o mais oneroso. E para que este valor não exceda a média de custo por hectare no Brasil (U$10 a U$150,00 por hectare, segundo o engenheiro agrônomo Fernando Adegas, da Embrapa Soja), o agricultor pode utilizar uma gama de técnicas e estratégias para melhorar cada vez mais seu desempenho bem como sua economia neste processo de controle:

Dica 1 – Planejamento Agrícola bem executado

Pode até parecer óbvio, mas quanto mais cedo você se programar para o plantio de sua safra, maiores serão suas chances de controle de plantas daninhas antes, durante e após a emergência de sua cultura.

Para isso, o preparo do solo não consiste apenas na correção dos componentes e nutrientes físico-químicos, mas principalmente no manejo das plantas daninhas. É muito importante nesta etapa saber exatamente quais tipos específicos de plantas daninhas estão tomando conta na etapa inicial de sua lavoura, para definir então qual será o melhor método de aplicação, assim como o tipo de produto mais adequado.

IMPORTANTE: A infestação na lavoura de plantas daninhas ocorre constantemente. Isso significa que mesmo tendo acabado de realizar um controle químico, mesmo que este possua efeito residual, o monitoramento de plantas daninhas deve ser realizado em intervalos frequentes para que as mesmas não atinjam estágios mais desenvolvidos, pois se isso ocorrer provavelmente será necessário uma dose maior de herbicida para que seja realizado o controle.

 Comparação de estágios distintos de desenvolvimento de Buva (Conyza bonariensis). FonteAssociação de saflufenacil e 2,4-D para controle de Conyza spp. com diferentes estaturas: efeito nos componentes de produtividade da soja.

Imagem 4: Comparação de estágios distintos de desenvolvimento de Buva (Conyza bonariensis). FonteAssociação de saflufenacil e 2,4-D para controle de Conyza spp. com diferentes estaturas: efeito nos componentes de produtividade da soja. Disponível em: https://maissoja.com.br

Conhecer bem cada estágio das plantas daninhas é um fator que está diretamente ligado na eficácia do controle, para isso recomenda-se que o agricultor sempre tenha em mãos boas referências e uma base de informações de qualidade, como as literaturas sugeridas a seguir:


Imagem 5: 7ª edição de Guia de Herbicidas, RODRIGUES, N. R. & ALMEIDA, F. S. / Manual de identificação e controle de plantas daninhas, LORENZI, M.

Por mais ciente e habituado que o agricultor esteja de como realizar o planejamento de manejo de plantas daninhas todos os anos, é altamente recomendável o acompanhamento de um Engenheiro agrônomo ou um consultor especializado para auxiliá-lo neste processo. Durante o planejamento, um único detalhe que passe despercebido, por menor que pareça, pode comprometer boa parte da produção. 


Imagem 6: Fluxo das principais fases das atividades culturais (A – J) e técnicas (prevenção, erradicação e controle) para um programa de manejo integrado de plantas daninhas. Embrapa, disponível em:www.embrapa.br/tema-plantas-daninhas

Dica 2 – Rotação de Culturas

Ao alternar o plantio de uma diferente cultura ou espécie em uma mesma área durante um mesmo ano, você não apenas diminui a frequência de plantas daninhas como também gera vários outros benefícios, como: melhoria das características físico-químicas do solo, diminuição de ocorrência de pragas, maior retenção de umidade através do acumulo de matéria orgânica no solo através do sistema de plantio direto.

Demonstrativo de rotação de culturas em soja/milho

Imagem 7: Demonstrativo de rotação de culturas em soja/milho. Fonte Brasmax genética, 27 março, 2019.

Dica 3 – Aplicação localizada de herbicidas

A tecnologia está cada vez mais presente no campo, principalmente para auxiliar no controle não somente das plantas daninhas, mas também com pragas, mensuração de deficiências de nutrientes no solo, quantificação de falhas de plantio e muito mais.

Dentre essas tecnologias podemos citar o uso de plataforma de processamento de dados como a plataforma digital Sensix Fieldscan, que possibilita que o agricultor identifique os focos de plantas daninhas em seus talhões utilizando imagens de drones, gerando mapas de aplicação localizada, nos quais ao serem exportados para o maquinário de pulverização, vão realizar a aplicação do herbicida apenas onde fora detectado os focos das daninhas, possibilitando economias de herbicida que podem chegar a 80%, além de contribuir significativamente no impacto que estes produtos causam na lavoura implantada (no pós-emergente).


Imagem 8: Demonstração da plataforma digital de gestão de lavouras e manejo de plantas daninhas Fieldscan. Disponível em:www.sensix.ag

Outra tecnologia que pode ser utilizada no intuito de aplicar herbicidas apenas onde é necessário são os sensores ativos de barra, dispositivos que podem ser acoplados nas barras dos pulverizadores e fazem uma leitura da fluorescência das plantas, aplicando o produto apenas quando é detectado em tempo real.


Imagem 9: Sistema de pulverização de precisão para aplicação de herbicidas localizada. Disponível em: http://smartsensingbrasil.com.br/weed-it/

Dica 4 – Certifique-se que o maquinário esteja adequado para a aplicação

Após identificar a espécie da planta ou das plantas daninhas, é muito importante que o pulverizador esteja limpo para que não haja risco de dispersão de sementes na lavoura.


Imagem 10: Maquinário de pulverização contaminado com sementes de plantas daninhas. Fonte: Fórum sobre manejo de resistência de ervas daninhas a herbicidas – RIZZARDI, M. A.

A calibração correta do pulverizador também é um fator crucial, pois o mesmo irá garantir que a dosagem do produto recomendado para determinado tipo de planta daninha, seja corretamente aplicado.

Para garantir uma calibração adequada de seu maquinário, sempre tenha em mãos o manual assim como o acompanhamento da assistência técnica do fabricante, vendedor ou engenheiro agrônomo.

Outros fatores muito importantes para assegurar o efeito do herbicida são os fatores climáticos, como: temperatura, velocidade do vento, umidade relativa do ar, dentre outros parâmetros que devem sempre ser levados em consideração afim de evitar a deriva, bem como o esperdício do produto.


Imagem 11: Parâmetros de calibração de aplicação de herbicidas no pulverizador. Fonte: Manual de tecnologia de aplicação, disponível em: https://pt.slideshare.net/ruralbr/andef-manual-tecnologiadeaplicacaoweb-38834531

Dica 5 – Conheça o grupo químico e os mecanismos de ação dos herbicidas

Este é um ponto técnico muito importante. Ao conhecer bem o grupo químico dos herbicidas, é possível assimilar, de acordo com o histórico de materiais científicos e experimentos práticos, quais são os produtos mais eficazes para determinado tipo de plantas daninhas.


Imagem 12: Casos de relatos simples de resistências de plantas daninhas no Brasil. Fonte: Fórum sobre manejo de resistência de ervas daninhas a herbicidas – RIZZARDI, M. A.

Sem falar que o mecanismo de ação (como o herbicida atuará para erradicar a planta daninha) também é crucial para definir qual estratégia surtirá um melhor efeito de controle.


Imagem 13: Mecanismos de ação e grupos químicos de Herbicidas. Fonte Manejo de Plantas Daninhas na Cultura do Arroz. Disponível em: https://www.slideshare.net/GeagraUFG/manejo-de-plantas-daninhas-na-cultura-do-arroz

Dica 6 – Evite o uso repetitivo do mesmo herbicida ou mecanismo de ação

Apenas para complementar e enfatizar o que já foi dito anteriormente, a resistência a herbicidas é ocasionada principalmente devido a repetição contínua de um mesmo herbicida, então é muito importante que para que a ação seja mais efetiva possível, deve-se sempre tentar alternar o herbicida, bem com o grupo químico mais o mecanismo de ação.


Imagem 14: Ilustração de anel de mecanismos de ação de herbicidas. Fonte: Fórum sobre manejo de resistência de ervas daninhas a herbicidas – RIZZARDI, M. A.

Como citado anteriormente, este importante parâmetro, apesar de ser mais técnico, pode ser facilmente acessado em materiais de pesquisas e experimentos práticos.

Por isso é muito importante o compartilhamento de informações entre produtores, consultores, engenheiros agrônomos, os próprios fabricantes dos herbicidas, corporações do agro e outras autoridades que seguem à risca todas as causas e consequências que os mesmos proporcionam ao longo do tempo.


Imagem 15: Aumento cronológico global de resistência de plantas daninhas aos grupos químicos. Fonte: Heap, I.  The International Herbicide-Resistant Weed Database, www.weedscience.org

Dica 7 – Implementação de MIPD – (Manejo integrado de Plantas Daninhas)

O manejo integrado consiste em uma adoção de metodologias que na prática visam um determinado objetivo o agricultor: maior produtividade, qualidade e menor custo.

Assim como o MIP (Manejo Integrado de Pragas), o MIPD (Manejo Integrado de Plantas Daninhas) reúne uma série de ações preventivas (rotação de mecanismos de ação), culturais (rotação de culturas), químicas (uso de herbicidas seletivos e residuais), mecânicas (capinas manuais e mecanizadas), dentre outras, afim de proporcionar um melhor desempenho no controle das plantas daninhas e gerar mais economia neste processo.


Imagem 16: Estratégias de manejo de Plantas Daninhas. Fonte: Fórum sobre manejo de resistência de ervas daninhas a herbicidas – RIZZARDI, M. A.

Dica 8 – Evite o uso de sementes contaminadas

A tecnologia embarcada nas sementes está cada vez mais moderna. Tanto na parte de tecnologia química quanto na genética, já percebemos pelo custo desta operação a importante contribuição que ela possui no processo produtivo.

Por isso é de suma importância que a aquisição das sementes seja sempre certificada para garantir a qualidade, assim como a sanidade das mesmas. No exemplo da ilustração abaixo, muitos produtores ainda exercem o hábito de “salvar sementes”, o que aumenta consideravelmente o risco de contaminação e disseminação de sementes de plantas daninhas nas próximas safras.


Imagem 17: Sementes de milho tratadas, contaminadas com sementes de Picão Preto (Bidens pilosa). Fonte: Fórum sobre manejo de resistência de ervas daninhas a herbicidas – RIZZARDI, M. A.

Dica 9 – Seja o mais preciso possível na identificação das plantas daninhas

Por mais habituado que o agricultor esteja na identificação das plantas daninhas, todo cuidado é pouco. Principalmente pelo fato de que a identificação é apenas uma etapa inicial.

Por isso, ao garantir qual a espécie de planta daninha na lavoura, em seguida é necessário se informar se a mesma apresenta resistência a determinado tipo de herbicida.

Por isso uma segunda opinião de um profissional do ramo é sempre mais que bem vinda para auxiliar e garantir um controle com maior eficiência. Alguns aplicativos e plataformas também já estão disponíveis para que este processo fique ainda mais prático. É o caso do WeedScout, um aplicativo desenvolvido pela Bayer que possui mais de 30 mil imagens de plantas daninhas em seu banco de dados para ajudar os agricultores a identificarem as mesmas e realizar o controle mais eficiente.


Imagem 18: Identificação de plantas daninhas através de App WeedScout. Fonte: Aplicativo de celular ajuda agricultores. Disponível em: https://www.bayerjovens.com.br/pt/materia/?materia=aplicativo-de-celular-ajuda-agricultores

Dica 10 – Escolha o herbicida mais adequado pra o tipo específico de planta daninha

Herbicidas residuais, misturas, rotação de mecanismos de ação, e é claro, a aplicação na janela ideal para determinado tipo de cultura, são fatores que vem sendo trabalhados afim de tentar garantir o melhor controle possível.

Mas que além de potencializar o efeito dos mesmos, como falado anteriormente, o controle químico é apenas um dos vários pilares de manejo integrado para que o processo venha a ser realizado da maneira mais adequada.

Confira também: Resistência de plantas daninhas a herbicidas


Imagem 19: Exemplos de plantas daninhas resistentes as misturas e aos mecanismos de ação de herbicidas Fonte: Fórum sobre manejo de resistência de ervas daninhas a herbicidas – RIZZARDI, M. A.

Fundador e Diretor Executivo da Sensix. Engenheiro Mecatrônico de formação e com vasta experiência no mercado de agricultura digital. Apaixonado por agricultura, drones e em fazer a diferença no mundo usando tecnologia.

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